Adilson Luis Rath, 49 anos, natural de Caxias do Sul, nascido no Hospital Pompéia, é quem vai comandar localmente o projeto de retomada de uma histórica empresa de Caxias do Sul. Ele foi convidado pelo grupo que adquiriu a massa falida da Guerra para comandar as operações da fabricante de implementos rodoviários em Caxias do Sul e Farroupilha.
Conheça a seguir, um pouco da trajetória deste caxiense no comando industrial de empresas da região e a expectativa para a retomada ao trabalho no local em que ele atuou por mais tempo.
Como iniciou tua história com a Guerra?
Entrei na Guerra em 1994 na unidade de Caxias, a de Farroupilha ainda não estava nos planos. Iniciei como cronometrista, na engenharia de processos, me tornando encarregado do setor e supervisor mais adiante. Nos últimos quatro anos em que trabalhei lá, atuava como gerente de produção da unidade 1, que é do lado esquerdo da BR-116 no sentido Centro-Ana Rech. Saí da Guerra em 2012.
Antes disso, onde já havia atuado? E para onde foi depois da Guerra?
Minha formação é em Gestão de Administração de Empresas pela UCS, com especialização em Gestão Empresarial pela FGV. Mas comecei a trabalhar muito antes, em 1987, ainda na extinta Enxuta. Meu primeiro emprego foi como auxiliar de produção. Já no primeiro ano fui promovido a cronometrista. Atualmente, essa função foi substituída pelo cronoanalista, profissional que faz toda avaliação da parte de processos da empresa, avaliando tempos de produção, processos, insumos e consumos de matéria-prima, seguido de analistas de processos e engenheiros de manufatura. Saí (da Guerra) por dois motivos. O primeiro deles foi por causa da última troca de CEO, antes da volta do sócio Marcos Guerra ao comando das operações, e também porque recebi uma proposta para trabalhar na Meber Metais em Bento Gonçalves, onde atuei como gerente industrial por sete anos. Após, tive uma experiência de assessoria de gestão para uma rede de academias, a Moviment, até receber outros dois convites. Acabei aceitando fazer parte da Saccaro Móveis, onde atuei na coordenação da produção por um ano e oito meses até receber a nova proposta da Guerra
Como foi receber o convite da Guerra?
Eu já tinha sido convidado para assumir a parte industrial da Rodofort em Sumaré (SP), isso na mesma época que surgiu a proposta da Saccaro. Estava quase decidido a ir para São Paulo, mas meu pai acabou sofrendo um AVC, e minha mãe não estava bem de saúde. Então, fiquei com a opção mais próxima em função do momento. A Rodofort chegou até mim pela indicação de um colega que trabalhava comigo na Guerra. Como não fui, eles acabaram contratando a opção B. Conversamos novamente no final do ano passado, quando eles estavam decidindo participar do leilão. Foi praticamente nas minhas férias coletivas. Como a oportunidade veio pela segunda vez, e sendo em Caxias e ainda mais na empresa que atuei, não foi difícil tomar a decisão. Primeiro porque é praticamente na empresa em que me moldei como profissional. Reabrir a Guerra é uma oportunidade de trazer benfeitorias para a comunidade inteira, e vai além de um cargo, é um projeto de vida. É a realização pessoal, profissional e comunitária.
Você começou o ano sabendo do novo desafio. Como foram os trabalhos de retomada até agora?
Quando me procuraram no final do ano passado, eu aceitei o convite, mas combinamos que eu só trataria do assunto mesmo quando ocorresse a compra no leilão. Logo depois, no dia 31 de março, me desvinculei da Saccaro. E, desde então, está bastante corrido, porque são muitos processos, seleção de pessoas, entrevistas com pessoas novas, com quem já trabalhava na Guerra; homologação das licenças legais, que não são poucas. Temos diversas reuniões com fornecedores antigos e novos. A expectativa de retomar as operações em maio não se concluiu até porque a carta de arrematação só deve sair na primeira quinzena de junho. Daí em diante, a gente vai conseguir entrar com mais frequência dentro da Guerra, ou seja, diariamente. Hoje temos um acordo com o administrador judicial para entrar dois dias da semana com uma pessoa contratada deles de TI. E assim a gente tem acesso para fazer orçamentos, revisar e planejar o que tem que ser feito.
Como está o mercado para a volta da Guerra?
O mercado está bastante concorrido. Os fornecedores estão com as carteiras cheias, mas estão dispostos a nos colocar no seu planejamento. A própria expectativa da safra de soja ultrapassar 20 milhões de toneladas no Rio Grande do Sul em 2021 é excelente para o segmento, e ele vai bem se o agronegócio for bem. Como os players do mercado estão com bastante carteira em suas plantas fabris, isso reflete nos fornecedores também, por isso temos que planejar com cautela a retomada da produção. Para esse início, estamos com a perspectiva agora mais realista, sob as adversidades e obrigações legais que encontramos, além da Justiça com os trâmites do leilão. Sendo assim, a retomada produtiva está planejada para setembro, mas já pretendemos, em julho e agosto, trabalhar nas adequações legais, manutenção predial e industrial. Teve vandalismo no período em que a Guerra ficou fechada. Algumas máquinas e equipamentos foram vendidos, além de alguns itens financiados de bancos que foram recolhidos e estamos retomando tudo isso. Em um primeiro momento, será só em Caxias. Mas em paralelo, vamos tratar de Farroupilha. Nos últimos anos, só estava funcionando lá a parte de fabricação de freios. Os furgões já tinham sido trazidos para Caxias. Então, agora é contar com o apoio que recebemos de todos da comunidade de Caxias e fazer o negócio voltar com tudo, buscando e reconquistando o nosso espaço. Agradeço a todos da comunidade de Caxias do Sul em nome do grupo e pela confiabilidade depositada em todos que estão fazendo parte dessa equipe. Só tenho a agradecer cada um que está junto conosco nessa caminhada.