Na próxima semana, completa um ano da paralisação das atividades de empresas da Serra após a confirmação dos primeiros casos de covid-19. E, para as que adotaram home office a partir de então e o mantiveram, a data de 20 de março representa um marco importante na vida profissional e pessoal de muita gente: um ano em que a casa virou a própria empresa.
Uma das primeiras empresas locais a anunciar que adotou o home office permanente foi o Grupo Brinox. De acordo com Céliz Frizzo, gerente de RH da indústria de utilidades domésticas, 120 profissionais da área administrativa, colocados emergencialmente no trabalho remoto no início da pandemia, seguem atuando de casa desde então.
_ Fomos uma das poucas empresas que não retomou o presencial, porque nós sempre mantivemos a preocupação de voltar somente quando tivermos segurança. Muito embora tenhamos o projeto oficializado do modelo híbrido desde junho do ano passado, com dois dias presenciais e três no home office, ainda não conseguimos implementar _ aponta a gerente de RH.
A empresa também foi uma das primeiras a pagar uma ajuda de custo aos profissionais em teletrabalho. Desde 2020, eles recebem em torno de R$ 200 para auxiliar na conta de luz, internet e outras despesas. Os funcionários também receberam R$ 600 para adaptação dos ambientes.
Para 2021, Céliz aponta como foco retomar o assunto saúde mental. No segundo semestre do ano passado, foi feito um workshop sobre o tema, mas a extensão da pandemia coloca o assunto novamente em evidência.
_ As pessoas são diferentes. Algumas se adaptaram tanto que não pretendem voltar a trabalhar presencial. Algumas sentem mais falta da socialização. Por isso a gente incentiva os líderes a estarem próximos, a promover a comunicação entre elas _ aponta a especialista.
Outro desafio para a Brinox, segundo Céliz, é a integração de novos contratados. Nesses casos, para a maioria o home office ainda é uma novidade, e conhecer a cultura da empresa e das pessoas, no modo remoto, é mais trabalhoso.
Casa vira empresa e escola
Consultora técnica na área comercial da Metadados, Luciane Lazzaretti, 44 anos, não só transformou a casa na empresa como na escola dos filhos Rafael, 10, e Gabriela, 5.
_ Como estou em casa com as crianças, eu não teria outra opção se a empresa decidisse voltar com o presencial _ aponta a profissional.
A sala de casa virou o escritório de Luciane, que montou também um espaço adequado para os filhos nos quartos.
_ A gente senta a falta dos colegas, mas me adaptei. Meu rendimento até aumentou, porque meu trabalho exige concentração. Na empresa, estava na sala com outras pessoas e dispersava. Aqui, enquanto as crianças estão nas aulas remotas, eu estou trabalhando _ descreve o cenário.
Outra vantagem que Luciane destaca é que, como mora em Flores da Cunha, passou a economizar no combustível. Como as refeições são feitas em casa, a empresa converteu o vale para restaurantes em compras que podem ser feitas em supermercados. Desde fevereiro, foi feita a alteração de contrato e ela passou a ganhar também um auxílio mensal de R$ 130.