Integrante da família Riedi, responsável pelo braço dos transportes do grupo composto por diversas empresas do segmento agrícola, automotivo e outros ramos, conta que o arremate das plantas da massa falida da Guerra tem um significado que vai além de expandir a produção de implementos rodoviários. Ivo Riedi Filho, 37 anos, diz que representa um sonho antigo e uma volta às origens, já que os pais são naturais do Norte do Rio Grande do Sul e foram para o Oeste do Paraná na década de 1950. O sonho de entrar no ramo de implementos começou quando a família comprou uma concessionária da Guerra em Cascavel (PR), porém ele se tornou um pesadelo em um primeiro momento.
_ Quando assumi a concessionária em 2016, não vendi uma carreta. É que a Guerra parou a produção logo em seguida. Mas, no momento que ela fechou, o mercado passou a buscar outras marcas. E foi aí que compramos a Rodofort, em 2018. Ela estava em 32º lugar no ranking de vendas de implementos e passou para o 5º _ conta o empresário.
Riedi disse que a negociação ocorreu no processo de recuperação judicial da Rodofort. Como a operação da Guerra era muito maior e o grupo Riedi ainda não tinha experiência no ramo de implementos, ter a Guerra na família ainda era um sonho muito distante. Porém, com a ampliação dos negócios da fabricante com sede em Sumaré (SP) e a necessidade de expansão, o sonho antigo de ter a Guerra foi retomado.
_ Hoje temos capacidade para produzir no máximo 300 pinos (chassis) por mês. E foi aí que passei a aventar a possibilidade de comprar a Guerra quando fosse a leilão _ conta Riedi.
A capacidade produtiva das quatro plantas adquiridas em Caxias do Sul e Farroupilha pode ultrapassar 800 chassis mês.
Retomada da Guerra prevê fabricação de até 200 chassis até o final do ano
Mesmo que o arremate da Guerra em leilão tenha sido motivado pela necessidade de expansão dos negócios de implementos rodoviários, o grupo não pretende concentrar as atividades. Ivo Riedi destaca que a marca Guerra será mantida.
_ Pela força que ela tem e pelo carinho que temos por ela. Nossa intenção é investir na região. Não é levar máquinas e estrutura para São Paulo. A intenção é fortalecer o polo em Caxias _ aponta o sócio do grupo, que destaca a vantagem de ter uma rede de fornecedores pronta pela atuação de outras empresas do ramo na cidade.
Para a retomada das atividades fabris em Caxias, a expectativa é de investimento de R$ 10 milhões, valor que inclui desde a manutenção das máquinas, matéria-prima até o investimento com pessoal. Mesmo que a previsão de início dos trabalhos seja para maio, o reinício depende de muitas variáveis. Primeiramente há os trâmites burocráticos finais do leilão. Há também licenças e outros processos necessários. De qualquer forma, a empresa já trabalha com uma perspectiva de fabricação de 150 a 200 chassis até o fim do ano, e de 600 a 800 nos primeiros anos de atividades.
_ Tudo vai estar muito atrelado à venda. Tem que ter apetite para isso, mas pela rede, pela marca e o produto de qualidade que a gente pensa em fazer, acreditamos que vai ter. A produção também depende de matéria-prima, e estamos com essa dificuldade. Por isso é uma previsão pé no chão _ destaca Riedi.
A intenção é priorizar a fabricação do modelo graneleiro, que foi sempre um produto marcante da Guerra. A expectativa é de poder iniciar a produção de basculante também neste ano. O integrante da família que comprou a Guerra também pediu à coluna para deixar um recado. Confira:
Quero agradecer muito a acolhida que recebemos por parte dos amigos e fornecedores, pela comunidade de Caxias do Sul e região, nas muitas mensagens de apoio, nos inúmeros currículos que ainda estamos recebendo, por parte dos profissionais que buscam participar dessa missão a que somos incumbidos. Só reforçam nosso compromisso em avançarmos com seriedade, ética e humildade; crentes de que uma nova história nascerá na Serra Gaúcha.