O mercado de fornecimento de ônibus foi um dos mais afetados pela pandemia, o que não torna o resultado negativo da Marcopolo em 2020 surpreendente. O impacto do coronavírus refletiu-se na receita líquida consolidada, que alcançou R$ 3,589 bilhões em 2020, queda de 17,8% em relação aos R$ 4,367 bilhões registrados em 2019. O lucro líquido foi de R$ 90,7 milhões, 57% menor. O resultado lembra um dos piores anos para a fabricante de ônibus de Caxias do Sul, que foi o de 2015. Naquela ocasião, esta mesma receita recuou 19,4% e o lucro caiu mais de 60%.
Em 2020, a produção consolidada da Marcopolo foi de 12,3 mil unidades, 21,8% inferior ao ano anterior. Desse total, 87,5% foram produzidas no Brasil. As vendas de ônibus e carrocerias para o mercado interno caíram 15,1% na comparação anual, totalizando 8.941 unidades.
_ Houve uma interrupção do processo de recuperação de volumes experimentado desde 2018, mas uma queda maior foi evitada com as entregas para o programa federal Caminho da Escola, que respondeu por 38,8% dos nossos volumes vendidos no Brasil. Ao todo, entregamos 3.472 unidades ao programa, sendo 1.447 micro-ônibus, 1.554 urbanos e 471 modelos Volare. O ritmo de entregas deve permanecer no primeiro trimestre de 2021 _ afirma José Antonio Valiati, diretor financeiro e de Relações com Investidores da Marcopolo.
O destaque positivo é que a Marcopolo manteve a liderança de mercado em 2020, com 52,7% de participação no ano passado. A exposição ao câmbio favorável compensou parcialmente a queda de demanda. O ganho de participação de mercado da Marcopolo foi de 2,9 pontos percentuais em relação aos 49,8% de 2019. Neste contexto, destaca-se o segmento de urbanos. Ainda como efeito da crise sanitária, o setor de fretamento se destacou em vendas no segmento de rodoviários, registrando crescimento em relação a 2019, em função das precauções de distanciamento.
Os resultados da companhia também foram favorecidos pela venda da sua participação na empresa indiana Tata Marcopolo Motors Ltda (TTML) que, além de reposicionar a empresa no mercado indiano, impactou positivamente os resultados do quarto trimestre.
Ainda no mercado externo, as exportações registraram queda de 31% na comparação anual: de 4.948 unidades em 2019 para 3.416 em 2020. No entanto, o desempenho no mercado externo rendeu R﹩1,771 bilhão, ou 49,4% da receita líquida, representação maior que em 2019, quando 47,2% da receita veio do exterior. A desvalorização do real contribuiu para o crescimento da receita, compensando a queda do volume de vendas.
As entregas ao continente africano foram o maior destaque, contribuindo para os resultados ao longo de todo o ano. Com destaque, as unidades externas Volgren, na Austrália, e Superpolo, na Colômbia, tiveram retornos positivos. Na operação australiana, uma reestruturação em curso desde o primeiro semestre de 2019 e um impacto menor da pandemia naquele país impulsionaram os resultados. Já a joint-venture colombiana contou com uma carteira de pedidos baseada na renovação da frota de Bogotá, contratada antes da pandemia.