Enzo Arns assumiu a presidência executiva do Gramado Canela Convention & Visitors Bureau Região das Hortênsias no momento mais desafiador vivido pela entidade. O diretor da Matilha Entretenimento Criativo já ocupava a vice presidência, mas agora busca maneiras de adaptar o calendário de eventos da região mais turística do Estado em função da pandemia. Pelo menos 80 eventos de 2020 foram transferidos para este ano e já há um movimento de adiamentos para o segundo semestre de 2021. Cerca de 40% do faturamento do ano ficam concentrados nos últimos meses, mas o Natal do ano passado teve quebra de 10% a 15% na arrecadação. A chegada das vacinas, por outro lado, é esperança de retomada até o final de 2021
Como foi assumir a gestão em um cenário de pandemia?
A minha entrada foi exatamente no auge da restrição por conta do coronavírus, logo depois do lockdown. Sabíamos que seria difícil, as entidades de classe de modo geral estão tendo muita dificuldade de se manter vivas porque elas dependem da subvenção vinda dos seus sócios e, na situação ruim, eles não têm conseguido honrar com as mensalidades. A gente sabe, por exemplo, no caso dos conventions, que uma quantidade enorme, por todo o Brasil, fechou durante este período de pandemia. Nós seguimos com a nossa equipe trabalhando integralmente, não tivemos nenhum desligamento, nós temos feito uma série de ações para tentar achar novas fontes de receita, achar novos formatos de trabalho, reduzir custos, mas nós entendemos e a comunidade toda, sobretudo de Gramado, também entende e tem nos ajudado. O Convention passa a ter uma ação extremamente estratégica no sentido de mitigar, minimizar os efeitos ruins da pandemia. Nós entendemos que quem estiver preparado, e quem tiver protagonismo na hora de divulgar o seu destino e de prepará-lo para o momento em que esse dique, que está segurando o evento, se romper, vai ter um retorno rápido, grande e importante. Então é nisso que a gente tem apostado.
De modo geral, como vocês estão operando o turismo das Hortênsias atualmente?
É importante citar que o governo do Estado aprovou uma nova lei de flexibilização e de cogestão. Dentro deste modelo, que já foi assumido por Gramado e que também é o que, tudo indica, vai ser assumido por Canela, o município passa a ter certo controle de atividades. E, dependendo do formato em que a prefeitura atuar, ela consegue então reduzir as restrições de uma bandeira mais restritiva para outra menos restritiva. Então, com exceção de um caso que a gente espera que não aconteça, de uma bandeira preta, a gente consegue executar a maior parte dos eventos pequenos e médios. E para eventos um pouco maiores, a gente tem feito solicitações individualizadas para o governo do Estado para liberação e para a Associação de Municípios da Serra, como é o caso da Fenin, que vai ocorrer agora nesse primeiro trimestre. Então, a situação está melhor do que ela já esteve, e os protocolos têm sido mais flexíveis. A gente está enxergando uma melhora de oportunidades para fazer eventos.
Como estão os preparativos para o calendário deste ano? Algum evento já foi cancelado? Quais são as grandes apostas?
Eu diria que, de modo geral, os empresários de turismo daqui estão bastante preocupados com a situação. A gente deve ter um primeiro trimestre bem fraco. O fato de a gente não ter tido um Natal Luz e Um Sonho de Natal com espetáculos teve, sim, um reflexo. Não foi enorme, mas teve, sim, um impacto importante para os faturamentos do empresariado. Esse reflexo deve ficar pior neste primeiro trimestre. Essa é mais uma razão pela qual o Convention tem solicitado à prefeitura um olhar maior para os eventos, como um todo. Olhar a parte de atrações, os parques, mas principalmente as convenções e feiras como uma saída estratégica, porque nós entendemos que, de modo geral, o consumidor vai se restringir em termos de gastos neste momento e ele está muito receoso de viajar distâncias maiores. E nós estamos na ponta do país. Estamos fazendo uma série de ações, fizemos uma reivindicação formal, montamos um dossiê para a prefeitura mostrando a necessidade de uma visão por parte dela de valorização dos eventos e de divulgação massiva da cidade como uma cidade preparada e segura.
Apesar da pandemia, temos visto muitos investimentos novos na região, principalmente empreendimentos temáticos. É um sinal de que o empresariado está confiante?
No que se refere a termômetro de como está a impressão dos empresários e a visão de médio e longo prazo, o que a gente percebe é que: sim, há novidades sendo lançadas, tanto no que diz respeito a parques temáticos como lançamentos imobiliários, quanto novos empreendimentos de hotelaria. Mas, na maior parte dos casos, esses são lançamentos que estavam previstos para acontecer no meio de 2020, no final de 2020, e que acabaram sendo atrasados para 2021. Ele é mais um reflexo de uma visão e de um planejamento de longo prazo que já existia aqui na região, principalmente em Gramado, mas também em Canela, e eles estão crescendo a partir disso.
E o que mais vem pela frente?
Em relação às novidades, teremos mudanças, tanto no calendário de eventos de Gramado e de Canela, quanto no formato de atividades, sobretudo os principais, os temáticos, como Páscoa, Festival de Gastronomia, e os dois grandes: Festival de Cinema e Natal. Então a gente deve ter uma nova forma de executar esses eventos. A gente tem notado a Gramadotur e a Secretaria de Turismo de Canela preocupadas em achar um modelo bacana junto com as entidades de classe da região. Esperamos uma ação massiva da Serra Gaúcha com uma campanha de marketing para venda do destino, e a gente teve uma boa sinalização também das prefeituras em relação a isso.