A presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e Malharias da Região Nordeste do Rio Grande do Sul (Fitemasul) e diretora da Sultêxtil, Paola Reginatto, afirma que quase todas as empresas da Serra que têm disponibilidade de máquinas de costura e mão de obra para a produção de máscaras já estão direcionadas para este fim.
Neste primeiro momento, o trabalho é mais voluntário. No entanto, já há pequenos negócios fazendo máscara como produto de moda para auxiliar na renda comprometida pela crise do coronavírus.
— Vai acabar virando peça do vestuário e entrando nas coleções — prevê a dirigente.
Do TNT ao couro
A principal matéria-prima para a confecção de máscaras é o TNT, que está em falta no mercado. Segundo a presidente da Fitemasul, este insumo é tecnicamente chamado de não-tecido. É produzido pela indústria têxtil mas em um processo que não usa tear, bem diferente do modo de produção das malharias da Serra. Com os importados da China, sobraram poucas empresas no Brasil que fabricam TNT. E a demanda inesperada da pandemia fez sumir o TNT em Caxias e região.
A alternativa, indicada até mesmo pelo Ministério da Saúde, são as máscaras com tecido 100% algodão. Paola também destaca que algumas malharias da Serra fazem com fios de algodão e elastano, e as tecem no tear de tricot.
Uma fabricante de artigos em couro de Farroupilha chamou atenção ao divulgar sua coleção de máscaras. Segundo o anúncio da Dominator, elas são fabricadas com retalhos do material, o que a torna um produto sustentável. Têm aberturas recortadas para facilitar a respiração. Também podem ser higienizadas com álcool aplicado diretamente no couro. Há ainda filtros de N95, parecido com TNT, que ficam por dentro da máscara de couro e podem ser trocados. Cada máscara vem com 20 filtros removíveis. As máscaras da Dominator têm preços entre R$ 80 e R$ 150, variando de acordo com o tipo de couro.