Zeli Dambros é daquelas empresárias entusiasmadas, que acreditam na força do trabalho e no desenvolvimento de Caxias do Sul. Concilia os papéis de mãe e esposa ao lado da forte atuação como gestora, liderança de entidades de classe e voluntária de causas sociais.
A diretora da Affitti Locação de Materiais para Eventos tem motivo extra para comemorar em julho: os 10 anos de sua empresa focada em um setor que só cresce, o de eventos.
A executiva sabe que o sucesso profissional depende do mercado, de estratégias e da consciência em reinvestir o faturamento no próprio negócio. Pudera: em uma década, a Affitti, que começou com um capital de R$ 600 mil, contabiliza investimento de R$ 4 milhões, em um acervo de mais de 35 mil peças para alugar.
– Não há segredo. O que precisamos é deixar a preguiça de lado, estudar, acreditar em nossa capacidade e trabalhar em nossos objetivos com afinco – ensina.
Ao lado do marido (e braço direito) Ricardo Vieira Pereira, ela fornece de louças a móveis para ambientar celebrações de qualquer porte. A seguir, entrevista concedida ao Pioneiro:
Pioneiro: Como surgiu a ideia de criar a Affitti?
Zeli Dambros: Surgiu da necessidade de encontrar materiais modernos para locação das festas da DHL (Zeli foi franqueada da DHL Express em Caxias). E, claro, do gosto por festejar.
O que há para comemorar nesses 10 anos de mercado?
Especialmente por seguir com uma empresa saudável mesmo em um país em crise, em que festejar vira supérfluo.
Quais as principais conquistas do setor de eventos?
Percebo que algumas agências de conteúdo e agências de comunicação, marketing e eventos estão fazendo ótimas parcerias e trazendo congressos e eventos para cá. Isso é sinal de competência e confiança nos profissionais daqui. Há também uma preocupação maior em qualificação dos profissionais do setor, abrindo cursos específicos nas universidades e faculdades, além do recente lançamento do Hub de Eventos da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Caxias. São mais de 70 empresas do segmento pensando campanhas e ações de qualificação e divulgação do setor. A crise não é de todo ruim, te faz pensar mais, criar, melhorar e, principalmente, unir forças.
Quais as maiores dificuldades do setor?
Sem dúvida é a sazonalidade, mas temos alguns pontos que já começamos a trabalhar no hub, a exemplo do alto número de formandos jogados ao mercado ao mesmo período. Outra dificuldade é separar o joio do trigo. Há empresas de má-fé e despreparadas que desqualificam o setor.
Ainda é comum pessoas da Serra buscarem fornecedores de fora, desprestigiando quem gera emprego e renda na cidade?
Sim, muito! E aqui estamos muito bem servidos de fornecedores. Um exemplo são fotógrafos que saem de Caxias e dão cursos em grandes centros, mas na hora de um grande evento local, nem são cotados porque há uma crença de que o que vem de fora é melhor. Essa cultura pode ser mudada, mas leva tempo. Temos de nos vender melhor, a exemplo de cidades vizinhas.
Qual a previsão de crescimento em 2019?
Começou acelerado, baixou consideravelmente nos últimos meses e há muitos contratos para o segundo semestre. Nossa meta é 8% de incremento com relação ao ano passado.
Há meta de ampliação de vagas de trabalho?
Estamos em nove no momento, já estivemos em 12. Não é momento de contratar, é hora de fazer ajustes internos e segurar os bons que temos. Além disso, firmar parcerias com empresas do mesmo segmento e complementar produtos.
Os anos de crise impactaram o desempenho da Affitti?
Sim, mas nos faz pensar estratégias, como busca de produtos com maior valor agregado e parceria com outras empresas de locação para atender toda a demanda sem aumentar o custo. Outras preocupações são a reestruturação interna para baixar os gastos e aproveitar períodos de alta procura para equilibrar os meses de baixa.
Que tipo de eventos possuem mais demanda?
O casamento gasta mais em locações, mas festas de 15 anos estão aumentando em número e faturamento.
E o produto mais procurado, qual é?
Cadeiras. Mesmo que o salão ofereça, normalmente são trocadas, porque cada festa tem um estilo diferente.
Como vencer na vida?
Não há segredo. O que precisamos é deixar a preguiça de lado, estudar, acreditar em nossa capacidade e trabalhar em nossos objetivos com afinco. Paciência e humildade para ouvir os mais experientes são essenciais. Infelizmente, as pessoas hoje querem tudo de imediato e acabam decepcionadas e deprimidas. Vejo jovens com uma vida pela frente desistindo na primeira derrota. Os pais precisam acompanhar e encorajar mais os filhos para os desafios. Melhor um ousado que encara derrotas do que mais um mediano no mercado de trabalho.
Quais teus hobbies?
Gosto muito de dançar, sinto-me livre e leve. É uma viagem interna, um momento só meu. Também procuro viajar com a família e amigos. Adoro conhecer outras culturas. Isso nos enriquece mentalmente. Nas férias, prefiro conhecer lugares quentes. O frio, por mais de uma semana, me deprime. Busco o calor e o aconchego do mar.
E as entidades de classe?
Na CIC, atuo na diretoria de Comunicação e Marketing, e como conselheira e ex-presidente do Conselho da Empresária; na CDL, integro o grupo gestor do Hub de Eventos.
Como subverter os momentos de crise e crescer?
Pensar ou repensar o negócio, equilibrar-se, cortar gastos. Se não temos o controle sobre a crise externa, precisamos ter o controle interno e estratégias para manutenção. Repensar o negócio é ver se não há algo que possa agregar no mesmo segmento, mas de forma diferente.
Que dicas daria a uma jovem empreendedora?
Que pense bem o negócio antes de abrir, que goste do que fará, que consulte profissionais e concorrentes, que confie no seu potencial e trabalhe muito.