Uma operação da Polícia Civil e a publicação de uma edição extra do Diário Oficial do Município agitaram os bastidores da prefeitura de Caxias do Sul nesta quinta-feira (15). Os agentes da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) foram até o Centro Administrativo ainda na quarta, e recolheram elementos para apoiar uma investigação sobre conduta irregular de cinco funcionários do município.
De acordo com o Delegado Regional da Polícia Civil, Augusto Cavalheiro Neto, durante as buscas foram apreendidos os telefones celulares de quatro servidores de carreira e de um ocupante de cargo de confiança (CC). Ainda conforme ele, o inquérito policial instalado na Draco investiga crimes de corrupção e crimes licitatórios. Os fatos também estão sendo investigados em uma sindicância conduzida pela Corregedoria Geral do Município.
Conforme apurado pela coluna, está em análise a relação destas cinco pessoas com uma empresa especializada em assessoria de licitações, o que poderia caracterizar postura antiética e conflito de interesses com a função pública. Mesmo que nenhum deles atuasse neste momento na Central de Licitações do Município (Cenlic), eles poderiam dispor de informações privilegiadas, e que poderiam ser decisivas para assessorados que viessem a participar dos pregões feitos pela prefeitura de Caxias do Sul.
A partir desses fatos, uma edição extra do Diário Oficial do Município, ainda na quarta-feira, anunciou a suspensão dos quatro servidores por 60 dias. Três deles eram lotados na Procuradoria Geral do Município e um na Secretaria da Receita Municipal. Inicialmente também foi afastado o CC, que fazia parte dos quadros da Secretaria de Segurança Pública e Proteção Social. No entanto, nesta quinta, uma nova edição extra do Diário Oficial confirmou a exoneração deste último.
Acionado para comentar a situação, o Procurador-Geral do Município, Adriano Tacca, confirmou a existência da sindicância, mas não comentou do que ela trata, já que o processo precisa correr em sigilo. Ele revelou, porém, que tudo começou com o surgimento de alguns indícios e aí houve o acionamento da Polícia Civil, para que prestasse apoio às investigações. Ele disse também que o afastamento, nesses casos, é normal, e não significa nenhuma confirmação de culpa.
— Há uma sindicância sobre um fato e há vários desdobramentos, e o afastamento é uma situação normal. Pode ser que a gente apure o fato e se não chegue a nenhuma conclusão, e pode ser que se chegue. Nós não estamos investigando A, B, C ou D em específico. É o fato que aconteceu, e a sindicância investiga o cometimento ou não de uma falta no âmbito administrativo, se houve ou não infringência do Estatuto do Servidor Público — declara o procurador.