Adriana Antunes
Dias atrás reli o conto A terceira margem do rio, de Guimarães Rosa. Há solidão. A terceira margem pode ser o fundo do rio. Um rio cujas águas jamais conheceremos profundamente. A solidão do silêncio que há somente no fundo. E de quando em quando, feito o pai que constrói uma canoa e vai viver no meio do rio, precisamos mergulhar nesse escuro do fundo. É claro que jamais saberemos o que iremos encontrar. Não controlamos nada, muito menos o fluxo de nossa memória. A nossa cabeça pensa e registra cada coisa. Mas a escuridão começa pela superfície. Nada nunca é tão claro assim.
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