Quase todo mundo já sentiu em algum momento. Cada um a seu modo tenta controlar. Alguns roem as unhas, outros arrancam os cabelos, outros fumam ainda mais. O fato é que a ansiedade dói no corpo. Dói demais. Mas não estamos falando daquela ansiedade, quase frio na barriga, que dá ao esperar o retorno de uma entrevista de emprego ou o retorno de um Whats da pessoa amada. Estamos falando de um transtorno em que a mente gira feito um pião, rodopiando cada vez mais acelerado e descontrolado. A boca fica seca. O peito aperta. Dá um nó na garganta. Estamos falando de uma sensação assustadora de quase não conseguir respirar. Pior, faz você estar preparado para alguma coisa ruim que possa vir a acontecer, como se tivesse de ter sempre um plano B, caso tudo dê errado.
A ansiedade é complexa e intensa. Ao mesmo tempo em que você mantém seus pensamentos ancorados no futuro, os pés estão completamente paralisados. Você desmarca compromissos, não entrega os trabalhos dentro do prazo e com o tempo, começa a se sentir um estorvo. Tudo se volta para o pensamento, que feito um carrossel, questiona se deveria ter feito diferente, se não deveria ter feito nada, se deveria ter escolhido outra opção, se deveria sumir. E são dias nesta batalha interna, silenciosa e caótica. Os pensamentos invadem a noite, entram no quarto, te tiram o sono e se deitam bem ao lado. O coração dispara descompassado. Não adianta esconder-se no quarto escuro, nem trocar o dia pela noite. O fantasma da ansiedade sempre aparece. Um fantasma que nos carrega para um parque de diversões de terror do qual, parece, que estamos presos. Você tenta domar os pensamentos, ter um autocontrole, tenta silenciar a mente, mas a ansiedade permanece pendurada na cortina de olhos bem abertos.
Quem nunca sentiu isso, não entende. Não entende o quanto a mente pode ser tagarela, num loop infinito. É um frenesi interno que causa angústia. Parece exagero. O que torna a vida do ansioso ainda pior. Nunca sabemos o que realmente se passa dentro do outro. Não sabemos de suas dores e nem de seus monstros. A ansiedade é como o mundo invertido de Stranger Things, seriado que estou assistindo. Tudo acontece no aqui e no agora. No entanto, há o que vemos e o que não vemos. E o desconhecido é sempre muito assustador. E o conhecido também.
Quando se fala em ansiedade, esse falatório interno passa a ser uma maldição. A introspecção vem acompanhada de um crítico interno feroz. É preciso ter coragem para entender o que falamos para nós mesmos e ouvir o que dizemos. Perceber que, às vezes, essa falação toda é uma rememoração compulsiva de acontecimentos passados. Noutras vezes é uma construção imaginária dos fatos futuros. E quase sempre, um ricocheteio de pensamentos em livre associação de ideias e pensamentos negativos. E talvez, aceitar que você precisa de ajuda.