Quantos amigos você tem? Amigos de verdade. Amigos que sabem ler em teu rosto o que você está sentindo. Amigos que te emprestam dinheiro porque sabem que você nunca vai pedir dinheiro emprestado. Amigos que querem estar juntos, ao vivo, longe do wattsapp ou outras redes sociais. Querem tomar um chimarrão, ouvir tuas ideias, rir, chorar, se emocionar, querem estar. Amigos que não se importam se você está sem nada gostoso de comida para oferecer, porque não vieram para fazer de conta. Amigos que não vão reparar se a casa não está assim tão limpa e que se precisar ajudam a dar uma geral. Amigos que não precisam de uma confirmação de amizade colocando fotografia nas redes, porque não estão preocupados com os outros. Amigos que emprestam livros, filmes, roupas. Amigos que compartilham conhecimento, sentimentos e angústias. Amigos que sabem que você, assim como eles e assim como todo mundo, tem um lado que não é tão bom ou generoso ou bonito e mesmo assim, continuam sendo amigo. Amigos que discordam de você em muitas coisas, mas jamais te agrediram por conta disso e que você aprendeu a respeitar porque reconhece o valor da amizade deles.
Nós somos os nossos amigos. Somos aqueles que escolhemos para estar juntos. Quando queremos verdadeiramente ser profundos, nossas relações, provavelmente, seguirão este fluxo. Não podemos reclamar da superficialidade dos outros, quando nós mesmos não conseguimos deixar de ser rasos. Ser amigo é uma grande empreitada. Não é fácil. É preciso abrir mão de nosso egoísmo e onipotência. Afinal, não somos ninguém sozinhos. Ser amigo é despojar-se de si mesmo, do próprio ego e perceber o quanto o outro é importante, não só porque nos ouve, mas porque nos faz crescer enquanto sujeitos e seres humanos.
Há um velho ditado, quase clichê, que diz “diga-me com quem tu andas que te direi quem tu és”, lembram? Para além dos preconceitos que esta expressão também carrega, há um fundo de verdade. Nossos amigos são a família escolhida. Pode-se intuir a história e vida que levamos pelo grupo ao qual pertencemos. E mesmo quando não pertençamos a nenhum grupo, aí também há muito sobre nós. Comunicamos muito de quem somos sem que seja necessário dizer uma única palavra. É preciso reconhecer-se no outro, nas suas atitudes e discursos, para o bem e para o mal. É dando-se conta da presença do outro, que conseguimos crescer juntos ou perceber que está na hora de nos separarmos. Se o outro faz coisas que te assustam, quanto de você contribui para isso? Afinal, quantos amigos você tem? Amigos de verdade.