Famílias que vivem em uma área às margens da RS-324, em Passo Fundo, no norte do Estado, relatam o medo de viver ao lado da rodovia, entre o trevo do bairro Ricci e o Complexo da Roselândia.
Segundo a secretaria municipal de Habitação, são cerca de cem famílias morando de forma irregular no local, que é de responsabilidade do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). É a chamada área de domínio, 35 metros para cada lado da pista. Por questão de segurança, não é permitida a construção de imóveis.
No dia 29 de março, um ônibus que transportava trabalhadores desceu o barranco e atingiu três casas. Ninguém ficou ferido. Em 2019, as mesmas residências foram danificadas por outro veículo, um caminhão-guincho. Maria de Fátima estava com a neta em um imóvel ao lado e ficou assustada. Ela mora há 18 anos no mesmo local, e não sabe o que fazer.
— Eu não tenho condições de sair daqui. Gasto com remédio, faço exames. Sou pensionista, e o dinheiro não dá pra muita coisa. Compra comida e outras coisas, e não sobra quase nada — destaca a dona de casa.
O Daer afirma que já notificou as famílias para que deixem o local e que a velocidade permitida no trecho é de 60km/h. Quem conhece a realidade do dia a dia, afirma que os motoristas não respeitam a lei.
— Estão sempre correndo rápido. Quando a gente os enxerga (veículos) vindo, logo passam voando. É complicado, mas fazer o quê? É a alternativa que a gente tem — afirma Maria Lúcia Pereira dos Santos, recicladora, que já presenciou diversos acidentes no local.
A prefeitura de Passo Fundo, por meio de nota, afirmou que vem realizando reuniões com a Procuradoria-Geral do Estado para tentar encontrar uma solução para o problema. Na espera de algo definitivo, quem precisa de um teto, leva do jeito que dá.
— A gente dorme sempre com um olho aberto e outro fechado, nunca se sabe, às vezes podemos estar em casa e vem um carro para cima da gente. É complicado — diz Maria Lúcia.