A Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Passo Fundo esclareceu 82% dos assassinatos ocorridos na cidade em 2023. Ao todo, foram 34 homicídios consumados, com 36 vítimas, e outras 36 tentativas.
A média municipal está acima do objetivo do Programa Qualificar, da Polícia Civil do Estado, que coloca como ideal a elucidação de pelo menos 65% dos crimes. No Brasil, a média de elucidação desses crimes ficou em 37% no último balanço publicado pelo Instituto Sou da Paz, conforme dados de 2019.
— Em Passo Fundo temos um dado excelente, um índice de países desenvolvidos. Nosso número total de vítimas é recorde e tivemos quatro meses de reforço para auxiliar na demanda, o que realmente refletiu nos dados — disse a delegada Daniela Minetto.
Equipes de reforço da Polícia Civil estiveram na cidade de março a agosto devido ao aumento considerável das mortes na cidade. Só em março, foram nove homicídios consumados. Em oito meses, Passo Fundo alcançou o número de crimes de todo o ano anterior: são 34 homicídios, comparados aos 32 de 2022.
— Infelizmente, Passo Fundo está fora da estatística do Estado de redução, pois nós já atingimos o mesmo número de total de homicídios de 2022. Isso significa que vamos encerrar o ano com índice de aumento razoável — avalia a delegada.
Neste ano, o governo gaúcho registrou 899 homicídios até o mês de julho. Os meses de maio e junho bateram recordes de menores números absolutos computados desde o início da série histórica em 2010. Apenas no último mês, os homicídios caíram 25,2%, com registro de 89 casos.
O perfil dos crimes
O aumento do número de mortes na cidade tem relação com uma mudança de perfil dos crimes cometidos, motivados especialmente pelo tráfico de drogas.
Segundo Minetto, a cidade não possui índices de confrontos diretos entre facções criminosas, como é comum ver em cidades de médio a grande porte, a exemplo de Caxias do Sul e Pelotas.
— Não temos confrontos estabelecidos entre facções criminosas, mas sim acertos de contas pelo tráfico, tentativas de tomada de território e usuários sendo vítimas. Além disso, as demais motivações são brigas em saída de estabelecimentos, como bares ou boates.
Depois do início das operações em conjunto com a Brigada Militar, as ocorrências em Passo Fundo diminuíram, com duas mortes em abril e quatro em maio. Agora sem reforço, a DHPP planeja manter o mesmo nível de atenção.
— Seguiremos fazendo ações conjuntas com as demais forças de segurança para buscar resgatar os baixos índices que o estado já registra — finalizou a delegada.