O Rio Grande do Sul é o estado com o maior número de fumantes do Brasil. Segundo levantamento, 15,8% da população faz uso do cigarro, com maior prevalência entre os homens (17,8) do que entre as mulheres (14,1). Os dados são da Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE.
A nicotina é uma substância presente no cigarro e altamente viciosa. Ela atua no sistema nervoso. Quando inalada gera sensação de prazer ao mesmo tempo que aumenta a pressão arterial, contrai os vasos sanguíneos e acelera os batimentos cardíacos. Câncer de boca e doenças cardiovasculares estão entre as doenças que o cigarro pode causar. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de oito milhões de pessoas morreram no mundo em 2019 por consequência do tabagismo.
— Muitos pacientes chegam aqui querendo saber o grau de enfisema, se é muito grave, se é mais leve. Cada caso precisa ser avaliado individualmente, mas é preciso ficar atento, as consequências que já estão instaladas no pulmão elas não são reversíveis. Em algum momento, a partir de que você já tem alguma doença pulmonar instalada, no caso enfisema, vai ter alguma repercussão — afirma o cirurgião torácico, Rafael Cadore.
O médico, que possui uma clínica em Passo Fundo dedicada a saúde do pulmão, lembra que quanto antes a pessoa procurar atendimento, maiores são as chances de cura. Hoje o próprio Sistema Único de Saúde (SUS) oferece serviços de apoio aos tratamentos, com remédios, psicólogos e terapias.
Campanhas de conscientização têm ajudado a diminuir o número de fumantes no mundo. Segundo a OMS, no ano 2000 32,7% das pessoas eram usuárias. Em 2020 a taxa reduziu para 22,3% e até 2025 a expectativa é que chegue a 20,4%. O médico salienta que quanto menor o tempo de exposição fumaça menores são os danos no organismo. A recomendação vale também para quem convive com os fumantes, chamados passivos.
— Existem muitos pacientes que têm câncer de pulmão que não são tabagistas. Então a gente imagina que talvez tenha algum grau de exposição que não seja segura e que eles podem vir a desenvolver a doença também. Aquela pessoa que é exposta tem quase duas vezes mais risco de ter câncer do que uma pessoa que não fuma — diz Cadore.
Um dia após o outro é a recomendação dos especialistas para quem deseja largar. Elisabete Bueno fumou por 34 anos e conseguiu parar em 2019. Durante a pandemia da covid-19 voltou com o vício e agora tenta retomar o projeto de saúde.
— Hoje eu vejo tudo que nós passamos, a própria pandemia, me traz a força para lutar de novo e dessa vez de forma definitiva. A família é tudo nesse momento, o apoio, o carinho deles, a compreensão deles. Então isso é muito importante, essencial nessa caminhada.