Estreante na política de Passo Fundo, a vereadora eleita Marina Bernardes (PT) chegará ao plenário com o título de mulher mais votada da história da cidade. Aos 31 anos, a arquiteta e urbanista arrecadou 3.062 votos. Ela também figura como a segunda candidata ao Legislativo mais votada destas eleições.
Embora inédito na Câmara, o nome da vereadora já está presente há pelo menos quatro anos em movimentos sociais locais. Ela defende a bandeira da moradia digna desde que fundou o projeto "Arquitetura para quem mais precisa".
A proposta de instalar banheiros nas casas de famílias em vulnerabilidade ajudou a fomentar a discussão quanto às ocupações da cidade.
— Eu não me sinto guiada só pela Marina arquiteta a urbanista, mas pela Marina ativista, que aprendeu com as ferramentas da arquitetura. Eu estive inserida em territórios bem precários e entendo que o projeto social não é resposta à falta de uma política pública, então enquanto eu fazia o banheiro, sempre dizia que nós temos que cobrar a prefeitura, precisamos de programa habitacional — afirma.
Nas redes sociais, Marina acumula mais de 17 mil seguidores. Saber aproveitar a plataforma digital foi fundamental para construir um debate que, segundo ela, buscou evidenciar a presença da política no dia a dia das pessoas.
— Eu comecei a mostrar que a política pública pode ser boa para todo mundo, só que ela precisa ser qualificada. Por exemplo, passei a apontar, nas redes, que o asfaltamento em massa das ruas seria um problema, e quando houve alagamentos, muita gente enxergou sentido nos questionamentos — acrescenta.
Mandato estruturado
Alinhada à esquerda, a vereadora diz defender a presença forte da prefeitura e do estado na solução de problemas coletivos.
Com uma carta de princípios estruturada, Marina elencou três pautas principais que pretende levar adiante nos próximos quatro anos: direito à cidade, cidades sustentáveis e cidade das mulheres.
— Vou cobrar que a prefeitura ouça as pessoas. Eu vejo que a população está muito insatisfeita e o papel do nosso gabinete vai ser esse, de organizar os interesses da população, além de fiscalizar e cobrar do Executivo. Minha campanha era essa: organiza tua indignação. É o que queremos fazer, resgatar o trabalho de base, ouvir entidades, associações, sindicatos e mostrar que é possível levar essa insatisfação adiante — completa.
Outras pautas que devem estar na agenda da futura parlamentar são projetos de melhoria na qualidade de vida dos jovens e atenção à população LGBT+. Segundo ela, o plano é colocar em prática um gabinete itinerante para reforçar a inclusão da comunidade.