Por Nadja Hartmann, jornalista
Apesar das críticas — nem tão sutis — ao governo Pedro Almeida, o presidente da Câmara, Saul Spinelli demonstra ainda estar em plena sintonia com o PSB. Nesta terça-feira (9), ele viaja à Brasília onde cumpre um extensa agenda ao lado do ex-deputado federal Beto Albuquerque. Entre as audiências, o vereador se reúne com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, para tratar de pautas relacionadas ao ensino superior e parcerias público/privada.
Também se reúne com o ministro do Empreendedorismo, Márcio França, quando irá oficializar o convite para que ele venha a Passo Fundo para um grande encontro com empresários da região. Ainda como parte da agenda, Saul participa de uma audiência com a direção da Legião da Boa Vontade (LBV) para tratar de um projeto social a ser implantado em Passo Fundo, voltado a crianças, adolescentes e idosos.
Dia do Fico
Mesmo que a última sexta-feira (5) tenha sido o Dia do Fico (no PSB) para o vereador Saul Spinelli, isso não quer dizer que as coisas não possam mudar mais à frente... A decisão de não concorrer em outubro, deixa o vereador livre para mudar de partido — e de lado — a qualquer momento... Saul confirma que recebeu convites do Podemos, do PDT, PT e MDB, mas decidiu permanecer no PSB — partido que está há 12 anos — para contribuir no debate com as coligações, levando temas como a questão socialista, educação, desenvolvimento e saúde, que são bandeiras do partido e que devem estar presentes na construção do plano de governo.
Quanto ao seu apoio à reeleição de Pedro Almeida, Saul é cauteloso, mas ao mesmo tempo lembra que a questão ainda não foi discutida oficialmente pelo partido, o que deve acontecer somente na convenção. Porém, diante das frequentes críticas que vem fazendo ao “estilo Pedro de governar” e diante do fato do PSB ter cargos no governo — o que dificilmente leve o partido à uma ruptura de última hora — não é difícil imaginar que Saul não estará no mesmo palanque do PSB na campanha eleitoral...
Dia do Adeus
Se para alguns a última sexta-feira foi o Dia do Fico, para outros foi o Dia do Adeus. Os últimos vereadores a atravessarem a janela partidária foram Renato Tiecher, que confirmando previsões e especulações, deixou o Podemos e se filiou ao PL e Altamir dos Santos, que oficializou a sua saída do Cidadania e filiação ao PDT. Eles se somaram aos demais que já haviam saltado dos seus partidos anteriormente: Edson Nascimento, do União Brasil para o PP, Gleison Consalter, do PDT para o PL, Indiomar dos Santos, do Solidariedade para o PP, Leandro Rosso, do Republicanos para o PSD e Sargento Trindade, do PDT para o PSD.
Tucanos levaram o passe
Já o vereador Evandro Meirelles esperou os últimos minutos antes de fechar a janela para anunciar a sua filiação ao PSDB. Apesar do Cidadania ser a principal aposta em todos os bolões que corriam pelos bastidores políticos, os tucanos é que levaram o passe do vereador, o que, aliás, deve ter sido uma surpresa até mesmo para o PSDB de Passo Fundo, já que todas as negociações foram feitas diretamente com o diretório estadual, sem a interferência da executiva municipal do partido. Segundo Meirelles, o convite partiu do próprio governador Eduardo Leite durante uma visita a Passo Fundo, o que o levou a uma conversa com a presidente do partido no RS, a prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas.
Isso em parte explica o mistério que o vereador fez questão de manter sobre o seu novo ninho para que não “entrasse areia”, já que segundo ele, nem mesmo a principal liderança tucana em Passo Fundo, o ex-deputado Mateus Wesp, sabia das negociações. O vereador atribuiu a sua decisão principalmente ao apoio que recebeu do deputado estadual Professor Bonatto, ex-prefeito de Viamão. E Meirelles já chega no partido sonhando alto. Diz que colocou o seu nome à disposição para concorrer ao legislativo ou à majoritária...
Correlação de forças
Fechada a janela, a nova composição de forças no legislativo passo-fundense não passará por grande mudança, já que grande parte dos vereadores já vinha se comportando e votando de acordo com os seus futuros partidos. Ou seja, apesar de oito vereadores terem mudado de partido e da oposição ter somado oficialmente o ingresso do vereador Tchêquinho nas suas fileiras, na correlação de forças entre oposição e situação continua tudo igual, com a base de apoio do governo mantendo a ampla maioria, com 13 dos 21 vereadores.
Isso se explica pelo fato de que o principal motivo que levou às mudanças não foi exatamente os “ideais partidários”, mas sim as melhores chances de reeleição... Sendo assim, três partidos desapareceram da Câmara: Solidariedade, Cidadania e Podemos, — além do PTB, que já não existia mais como sigla em nível nacional, — reduzindo para 10 o número de bancadas.
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