Por Nadja Hartmann, jornalista
Alguns governos já iniciam com uma equipe menos técnica e mais política, outros iniciam técnicos mas vão se “politizando” durante o mandato, até porque nenhum gestor se elege dizendo que a sua prioridade será formar um governo composto por correligionários... A politização de uma gestão pode ocorrer pela substituição ao longo do mandato de nomes técnicos por políticos “amigos do rei” ou pelo fato de profissionais escolhidos pelo seu know-how na área que atuam serem picados pela mosca azul da política.
Por um motivo ou outro, prefeituras de toda a região estão sofrendo uma verdadeira debandada de secretários às vésperas do prazo de desincompatibilização de candidatáveis. Em Erechim, nada menos que oito dos 12 secretários irão deixar o governo Paulo Polis (MDB) esta semana. Em Marau, o prefeito Iura Kurtz (MDB) terá que substituir sete secretários. Já na prefeitura de Carazinho, as baixas serão de apenas três dos 10 secretários.
Mandato-tampão
Em Passo Fundo, a dança de cadeiras também não vai ser radical. Dos 21 nomes que compõem o primeiro escalão do governo, três já anunciaram que deixam os seus cargos para concorrer. São eles:
- Rubens Astolfi (Obras)
- Rafael Colussi (Meio Ambiente)
- Gilberto Belaver (Esportes)
Outra baixa pode ser na secretaria de Habitação, mas Wilson Lill ainda não bateu o martelo. Os nomes que irão assumir o mandato-tampão de oito meses no comando das secretarias serão anunciados na sexta-feira (5) pelo prefeito Pedro Almeida.
A maioria dos gestores da região vem optando por alçar adjuntos — geralmente servidores efetivos — à titularidade, mas também existe a possibilidade dos cargos vagos servirem de moeda de troca na negociação de alianças para as eleições.
Janela aberta
Se a dança de cadeiras está em ritmo acelerado nas prefeituras, o mesmo vale para os legislativos, já que o prazo de filiação para candidatos se encerra na próxima sexta-feira. Em Carazinho, segundo maior colégio eleitoral da região, o vereador João Hartmann anunciou na manhã de terça (2) que está deixando o MDB para retornar ao seu antigo partido, o PSDB, que vem a ser o opositor direto do atual governo, comandado pelo MDB.
Ao fazer isso, João repete o mesmo movimento feito recentemente pela vice-prefeita Valeska Walber, que deixou o MDB e se filiou ao Republicanos, partido que vem aliado aos tucanos nas eleições municipais. Outro vereador que pode anunciar seu novo partido nos próximos dias é Adriano Strack, do Podemos.
A propósito I: no apagar das luzes do governo, faltando oito meses para encerrar o mandato, o prefeito de Carazinho, Milton Schmitz, enviou para a Câmara um projeto para criação da Secretaria de Esportes.
Perdas e ganhos
Já em Passo Fundo, cinco vereadores já anunciaram seus novos partidos. São eles:
- Leandro Rosso: saiu do Republicanos e foi para o PSD
- Sargento Trindade: saiu do PDT e foi para o PSD (apesar de ainda aparecer como "sem partido" no site da Câmara)
- Gleison Consalter: saiu do PDT e foi para o PL
- Indiomar dos Santos: saiu do Solidariedade e foi para o PP
- Edson Nascimento: saiu do Democratas e foi para o PP
Porém, como a janela continua aberta, até sexta-feira mais vereadores podem saltar das atuais siglas. Um deles é Evandro Meirelles, que oficialmente ainda mantém o mistério sobre a sua nova casa, mas, no bolão, a maioria das apostas são no Cidadania, que, inclusive, está ameaçado de perder o vereador Altamir dos Santos para o Podemos. Por outro lado, o Podemos pode perder o vereador Rufa Soldá para o PL.
Mesmo assim, com o perdão da analogia, o Podemos "tá podendo". Não se descarta que o partido ganhe um nome de peso esta semana. As conversações com o presidente do Legislativo, vereador Saul Spinelli, estão avançadas, até porque a sua permanência em um partido aliado ao governo Pedro Almeida (PSB) está a cada dia mais insustentável...
Atrativos
Caso a filiação de Saul Spinelli ao Podemos se confirme, o partido ganha corpo com dois nomes potenciais à majoritária, já que Saul garantiu que não concorre mais ao Legislativo e ainda tem Claudio Dóro, um dos principais nomes da sigla em Passo Fundo.
Segundo o presidente Iriel Sacket, a presença na majoritária não chegou a ser colocada como condicionante do partido para uma aliança, mas, sem dúvida, é um atrativo e tanto. Nesse caso, o PL seria o mais cotado para levar a noiva para o altar, já que ofereceu o lugar de vice ao Podemos, o que não foi feito pelo PSD de Pedro Almeida. Outro poder de sedução do PL é o tempo de propaganda eleitoral, moeda forte em qualquer negociação.
A propósito II: outros partidos que vão munidos de moeda forte nas negociações são o PT e o União Brasil, que junto com o PL, possuem o maior tempo de propaganda eleitoral, por conta do número de deputados federais.
Aversão (?)
Na confortável posição de noiva, o Podemos ainda não sabe com quem vai casar, mas sabe exatamente com quem não namora de jeito nenhum. Segundo Sacket, não existe a mínima possibilidade do partido participar de uma aliança de esquerda, que conte com a presença do PT.
Ele ainda nega que tenha acontecido qualquer conversa com as siglas que compõem a frente de esquerda em Passo Fundo. A aversão do Podemos de Passo Fundo ao PT é no mínimo estranha, já que o partido participa do governo Lula com dois importantes e robustos cargos: a secretaria nacional de Esporte Amador, com Thiago Milhim e a presidência do Grupo Executivo de Assistência Patronal (Geap), com Douglas Figueiredo.
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