Por Nadja Hartmann, jornalista
O novo normal do clima exige atitudes proativas e urgentes de todo agente político em qualquer esfera. O que aconteceu na última semana em Porto Alegre e outros municípios do Estado, onde a população ficou sem energia por quase uma semana após um temporal não pode ser encarado como fato isolado, muito pelo contrário...
O problema é que as cidades, com milhares de postes com fios emaranhados, não foram preparadas para eventos climáticos extremos e cada vez mais frequentes. No entanto, as cidades podem — e devem — começar a ser preparadas a partir de agora... Esse é o objetivo de um projeto que está sendo elaborado e que deve ser protocolado na Câmara de Passo Fundo nos próximos dias pelo presidente da Casa, vereador Saul Spinelli (PSB).
Exemplo
A ideia é exigir fiação subterrânea nos novos condomínios e loteamentos a serem criados na cidade. Além disso, propõe uma revisão do atual modelo com uma gradual substituição da fiação aérea. Saul admite que o projeto é ousado e implica muito debate, o que deve acontecer através de audiências públicas, envolvendo inclusive a RGE.
No Brasil, a fiação subterrânea corresponde a menos de 1% da malha elétrica. Em Porto Alegre, o percentual é de 9%. Em Passo Fundo, aliás, já há uma iniciativa que pode servir de exemplo para investidores e poder público. A remodelação do prédio Texas, do Instituto Educacional (IE), na Avenida Brasil, prevê uma fachada totalmente livre de fios elétricos.
Agenda
E ainda sob a repercussão dos estragos causados pelo último temporal e as cobranças da população quanto ao atendimento da CEEE Equatorial, o governador Eduardo Leite estará em Passo Fundo na próxima sexta-feira (26), onde na parte da manhã visita obras em andamento financiadas com recursos do governo do Estado.
Até a publicação desta coluna, a agenda estava confirmada. Porém, como alertou o assessor especial do governador, Mateus Wesp, mudanças de última hora não estão descartadas...
Missão (quase) impossível
Como presidente da Câmara, o vereador Saul Spinelli afirmou a esta coluna que está disposto a encarar uma missão quase impossível, que é “desideoligizar” o debate no Legislativo, apesar do ano eleitoral. Para isso, ele pretende fortalecer a discussão de pautas como agronegócio, meio ambiente, combate ao câncer, violência contra a mulher e segurança pública, envolvendo todos os vereadores, independentemente da ideologia.
Para quem acompanhou os debates nas sessões durante o ano de 2023, a intenção de Saul soa até como utopia, uma vez que os vereadores mais identificados com a direita e com a esquerda dedicavam grande parte do tempo na tribuna para tratar de pautas de costume, críticas ou defesas do governo Lula, com réplica e tréplica...
Mesmo assim, Saul está otimista na construção do debate construtivo. Argumenta que o fato de não ser candidato à reeleição deve facilitar o seu trânsito entre vereadores, partidos, grupos e entidades. Será?
Renovação I
A cada nova eleição para o Legislativo, a expectativa é quanto ao índice de renovação entre as cadeiras, sendo que — em tese — quanto menor a renovação, maior seria o aval dos eleitores ao trabalho da legislatura atual.
Em 2020, a renovação para a Câmara de Passo Fundo foi de 60%, com sete dos 21 vereadores reeleitos: Evandro Meireles (PTB), Gleison Consalter (PDT), Leandro Rosso (Republicanos), Rafael Colussi (União Brasil), Renato Tiecher (Podemos), Rufa Soldá (PP) e Saul Spinelli (PSB).
Renovação II
Este ano, não se descarta a renovação automática de duas cadeiras, uma vez que, além de Saul, que já garantiu que não concorre à reeleição, Rodinei Candeia pode ser confirmado em uma majoritária pelo Republicanos. Já os demais devem buscar mais um mandato.
Porém, mesmo que todos se reelejam, a legislatura 2025-2028 será bem diferente da atual. A principal mudança deve ser na composição de forças. Com o funil mais apertado para os partidos pequenos por conta da legislação, dificilmente irá se repetir a grande pluralidade na representação partidária, com 15 partidos integrando uma legislatura, sendo 11 com apenas um vereador.
Além disso, parte dos vereadores eleitos em 2020 deve concorrer por uma sigla diferente daquela que os elegeu. Ou seja, mesmo se os nomes forem os mesmos, as bancadas serão diferentes. Aliás, a dança de cadeiras no plenário irá acontecer antes mesmo da nova legislatura, com a janela partidária de abril, quando pelo menos cinco dos 21 vereadores devem mudar de partido...
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