Por Julcemar Zilli, economista
Nos últimos 30 dias, o mercado de trigo no Brasil passou por situação desafiadora, com a cotação do produto no Paraná subindo de R$ 1004,01 por tonelada para R$ 1343,6/ton., conforme dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP). Essa ascensão de quase 34% nos preços merece nossa atenção e suscita reflexões sobre os impactos dessa movimentação no cenário nacional.
Em Passo Fundo, uma das regiões produtores de trigo no Brasil, os negócios em 27 de novembro de 2023 têm ocorrido com valores que variam entre R$ 62 e R$ 64 para balcão, e entre R$ 74 e R$ 85 para trigo disponível. Essa variação reflete a dinâmica de oferta e demanda, mas o que chama a atenção é a amplitude dos valores, evidenciando a complexidade desse mercado.
A disparidade de preços também se estende pelo país, com o Paraná se destacando nas altas. As chuvas frequentes e intensas no Sul do Brasil estão prejudicando a qualidade e o volume do trigo previsto para a atual safra. Essa variabilidade climática, que se manifesta de forma desafiadora para os agricultores, é um dos principais fatores por trás das recentes altas nos preços.
Não podemos deixar de mencionar a situação na Argentina, outro grande player na produção de trigo. As estimativas, mais uma vez, foram reajustadas negativamente, fortalecendo ainda mais o cenário altista no mercado brasileiro. A interdependência entre os países produtores ressalta a vulnerabilidade desse setor diante de eventos climáticos e outras variáveis globais.
Como lidar com a volatilidade dos preços do trigo?
Em primeiro lugar, é fundamental que os produtores estejam preparados para enfrentar os desafios climáticos, buscando tecnologias e práticas agrícolas mais resilientes. Além disso, é necessário repensar as estratégias de precificação e comercialização, considerando cenário de alta volatilidade.
Para a indústria alimentícia, esse é um momento de adaptação e inovação. A busca por alternativas e a diversificação de fontes de matéria-prima podem ser estratégias eficazes para mitigar os impactos dos aumentos nos preços do trigo.
A promoção de parcerias sustentáveis ao longo da cadeia produtiva também é crucial para enfrentar os desafios de forma mais coletiva e equilibrada. Esse comportamento deverá ser percebido na cidade nos produtos que possuem a farinha como insumo base na produção.
Em síntese, os recentes movimentos nos preços do trigo no Brasil colocam em evidência a vulnerabilidade do setor agrícola diante das variabilidades climáticas e dos fatores externos. Contudo, essa situação também oferece oportunidades para repensar práticas, investir em inovação e fortalecer a resiliência da cadeia produtiva. A colaboração entre os diversos agentes desse mercado é essencial para enfrentar os desafios e construir um cenário mais sustentável e estável no futuro.
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