Por Julcemar Bruno Zilli, economista
Desde o início da pandemia de Covid-19, temos testemunhado oscilações significativas nos preços de diversos produtos essenciais. Um exemplo disso é a farinha de trigo, um item básico em muitas cozinhas brasileiras.
Recentemente, os supermercados de Passo Fundo registraram uma queda média de 9,24% no preço da farinha de trigo durante o mês de junho de 2023, em comparação com o mês anterior. No entanto, ao analisarmos o panorama dos últimos 12 meses, constata-se um aumento surpreendente de 61% no preço desse produto.
A notícia da redução certamente traz certo alívio para os consumidores, que têm enfrentado um cenário econômico desafiador, com o aumento do custo de vida em diversos aspectos. A diminuição registrada no mês de junho pode ser considerada uma boa notícia no curto prazo, mas é importante observarmos o contexto mais amplo.
Ainda que a queda nos preços seja um fator positivo, é essencial destacar que, no período de um ano, o valor da farinha de trigo aumentou consideravelmente. Essa disparidade entre o curto prazo e o longo prazo levanta questionamentos sobre as razões subjacentes a essa volatilidade de preços.
Causas potenciais
Uma das principais causas desse fenômeno é o baixo ritmo de negócios, que tem afetado o mercado de farinha de trigo nos últimos tempos. A instabilidade econômica, aliada às incertezas trazidas pela pandemia e o conflito entre Rússia e Ucrânia, impactaram significativamente a cadeia de produção e distribuição dos alimentos. A flutuação nos preços desse alimento é resultado direto dessas turbulências no mercado.
Além disso, fatores como a desvalorização cambial, a elevação dos custos de produção e a demanda instável também têm influenciado nos preços finais ao consumidor. Essa combinação de fatores cria um ambiente propício para a volatilidade dos preços, afetando não apenas a farinha de trigo, mas também outros produtos essenciais em nossas mesas.
O que fazer
Para lidar com essa situação desafiadora, é necessário um esforço conjunto dos setores envolvidos, como produtores, distribuidores, varejistas e consumidores. O diálogo e a busca por soluções sustentáveis são cruciais para minimizar as oscilações e estabilizar os preços dos alimentos básicos.
Além disso, é importante que os consumidores adotem estratégias de compra inteligentes, como pesquisar preços, optar por marcas mais acessíveis e considerar alternativas quando possível, como produtos locais ou substitutos viáveis.
Embora seja encorajador ver uma queda nos preços da farinha de trigo nos supermercados de Passo Fundo no último mês, é essencial entender que essa redução é apenas uma parte do quadro completo. O aumento de 61% nos últimos 12 meses evidencia a volatilidade dos preços e o impacto do baixo ritmo de negócios na indústria.
É fundamental buscar soluções sustentáveis e adotar estratégias conscientes para lidar com essas flutuações e garantir o acesso a alimentos essenciais a um preço justo para todos.