Os dias cinzas com sol alaranjado têm se repetido em Passo Fundo e em grande parte do RS nos últimos dias. Resultado da fumaça das queimadas, não só a paisagem é afetada, mas também os índices de poluição do ar.
Conforme a agência suíça IQ Air, a qualidade do ar em Passo Fundo nesta quarta-feira (11) está "insalubre". A classificação varia entre "Bom", "Moderado", "Insalubre para grupos sensíveis", "Insalubre", "Muito insalubre" e "Perigoso".
A concentração de partículas de até 2,5 micrômetros (PM2.5) está 13 vezes maior do que o valor anual recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a qualidade do ar.
As partículas finas provenientes das queimadas ficam suspensas no ar, sendo carregadas através da fumaça e podem causar grandes prejuízos para a saúde ao penetrar profundamente os pulmões.
— Esse oxigênio vai ser levado para todo o organismo. No momento em que você tem um ambiente rico em outras substâncias, como monóxido de carbono e óxido de nitrogênio, isso vai fazer com que essa oxigenação não ocorra de uma maneira adequada — explica o pneumologista Saulo Cocio Martins Filho.
Uma previsão da agência mostra que o nível de poluição deve piorar até sexta-feira (13), com perspectiva de melhora a partir de sábado (14). Conforme análise do meteorologista da Climatempo, Guilherme Borges, uma frente fria que chega no fim de semana deve ajudar a limpar o céu.
Em aviso de utilidade pública, a Defesa Civil de Passo Fundo divulgou o alerta emitido pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Sul, sobre a alta concentração de material particulado no ar, causada pelas queimadas em várias regiões do Brasil.
A situação afeta o território gaúcho, especialmente a região Norte, entre os dias 11 e 14 de setembro. De acordo com a avaliação baseada em resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), a qualidade do ar será classificada como "péssima" no dia 13 de setembro, com concentrações superiores a 125 μg/m³ em alguns municípios.
Saúde orienta cuidados
Em nota publicada na terça-feira (10), a Secretaria Estadual da Saúde (SES) recomenda uma série de cuidados aos gaúchos, especialmente aos grupos que sofrem com doenças crônicas não transmissíveis. Confira:
- Hidratação: aumente a ingestão de água para manter as vias respiratórias úmidas
- Redução da exposição: evite atividades ao ar livre em horários de alta poluição e mantenha portas e janelas fechadas
- Uso de máscaras do tipo cirúrgica, pano, lenços ou bandanas. Também é recomendado o uso de máscaras de modelos tipo N95, PFF2 ou P100, que reduzem a inalação de partículas finas por toda a população
- Atividades físicas: evite exercícios físicos em períodos de elevada concentração de poluentes
- Orientações a grupos vulneráveis: crianças, idosos e gestantes devem estar atentos a sintomas respiratórios e buscar atendimento médico imediatamente se necessário.
Apesar do alerta, a equipe de Vigilância Epidemiológica do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) não identificou um aumento de casos de síndrome gripal não relacionados a vírus respiratórios, que podem ser influenciados por outros fatores, como a fumaça resultante de queimadas.
A SES aponta, porém, que os dados são parciais e sujeitos a alterações em decorrência da oportunidade de preenchimentos das notificações, bem como o hiato entre o início dos sintomas e a busca por atendimento.