Passo Fundo tem cerca de 7 mil habitantes com cidadania italiana, conforme levantamento do Consulado-Geral da Itália em Porto Alegre. No Rio Grande do Sul, são mais de 120 mil gaúchos com o documento.
No momento, há cerca de 80 mil pedidos na fila. Em dezembro de 2023, o consulado registrava 65 mil pessoas com processos encaminhados.
A busca pelo passaporte europeu tem a ver com a migração italiana ao Brasil, que começou há mais de 100 anos. Hoje, o caminho é inverso. Milhares de ítalo-descendentes estão em busca de suas origens a fim de se declarar cidadão italiano.
Segundo um levantamento do Consulado-Geral da Itália em Porto Alegre, em 2023 foram reconhecidos cerca de 4 mil novos cidadãos ítalo-brasileiros, fato que registrou um aumento de 77% na emissão de cidadania italiana em relação a 2022.
Em comparação com o mesmo período do ano passado, o consulado informou que em 2024 houve um crescimento de 15% na emissão de passaportes italianos e que o aumento pode estar ligado ao fortalecimento do setor de cidadania.
— Percebemos o crescimento dos pedidos de cidadania em todo o Estado uma vez que a cidadania italiana permite ter oportunidades que o passaporte brasileiro não tem. Estamos em um mundo globalizado em que as pessoas querem viajar, fazer negócios, estudar e se formar nas universidades estrangeiras — disse o cônsul-geral da Itália em Porto Alegre, Valerio Caruso.
De acordo com o ranking anual da Henley Passport Index deste ano, o passaporte italiano é o segundo mais poderoso do mundo. O índice classifica os documentos de viagem de todo o mundo de acordo com o número de destinos que os portadores podem acessar sem a necessidade de visto.
Tempo de espera versus oportunidades
Um dos desafios de quem inicia o processo para adquirir a cidadania italiana é o tempo de espera até ter o documento em mãos. Um dos motivos, segundo o próprio consulado-geral da Itália, é a exigência de novos documentos dos proponentes para obedecer às exigências italianas.
Esse foi o caso do gerente comercial em Passo Fundo, Tiago de Paoli, que começou a jornada em busca do reconhecimento da Itália para ele e os dois filhos em 2021. O processo ainda está em andamento e deve seguir por mais dois anos, no mínimo.
— Um dos processos que tive que realizar foi a atualização do meu sobrenome, que antes era "de Pauli" e para me adequar à documentação tive que alterar para "de Paoli" —comenta Tiago.
Por outro lado, a arquiteta e urbanista Taís Marchioro decidiu realizar o processo da solicitação do documento através de via administrativa, o que lhe rendeu uma viagem para a Itália em outubro de 2023. Ela reuniu todas as documentações necessárias no Brasil e que esse processou demorou em torno de cinco meses. Ao todo, foram nove meses para conseguir a cidadania.
A ideia de fazer a cidadania italiana surgiu através do desejo de morar no país. Porém, após a finalização do processo ela e o marido decidiram voltar para Passo Fundo.
— A Itália é linda, os lugares e as comidas são ótimos, mas imigrar é complicado. Acabamos voltando por uma questão de adaptação mesmo — afirma.
Tiago, por sua vez, fez o documento para possibilitar que os filhos estudem na Itália e outros países da Europa com menos burocracia do que se tivessem apenas o documento brasileiro.
— O leque de oportunidades com essa conquista é muito grande. Eu hoje com 40 anos penso em aproveitar para passear e conhecer outros países, mas para os meus filhos é uma grande oportunidade para adquirir conhecimento e experiências. Esse processo tem sido interessante também porque pude permear as origens da família através da busca dos documentos — afirma.