O temporal que atingiu São Luiz Gonzaga na noite de sábado (15) deixou estragos e pelo menos 400 desalojados, o que forçou o município a decretar situação de emergência. A cidade teve cerca de 1,2 mil casas atingidas, além de seis escolas, duas unidades básicas de saúde, museu arqueológico e sede da cooperativa Coopatrigo.
O decreto de situação de emergência vem na esteira de um documento emitido em 31 de maio por causa do volume de chuva que danificou estradas e prejudicou o fim da colheita da soja na cidade. Neste domingo (16), o novo decreto pede a mudança de foco ao Estado e União para a nova emergência.
Conforme a Defesa Civil, São Luiz Gonzaga foi atingido por uma microexplosão climática, fenômeno que ocorre quando uma tempestade intensa, com formação de granizo, descargas elétricas e rajadas de vento, “despenca” das nuvens em linha reta, atingindo uma pequena área, que pode variar entre um raio de quatro a seis quilômetros.
— A microexplosão ocorre quando há uma massa de ar quente, umidade no ar e o encontro com uma massa de ar frio que, neste caso, entrou na madrugada (de sábado) na região e no estado. Quando temos esse choque de temperatura, sempre há possibilidade de microexplosões — explicou o tenente Cristiano Machado, coordenador da 5ª Coordenadoria Regional da Defesa Civil.
A zona leste do município de 34,7 mil habitantes foi a mais prejudicada, com oito bairros atingidos. Um armazém da Coopatrigo, uma das maiores cooperativas da região, foi quase que completamente destruído. A direção da organização disse que não há estimativa de quanto foi perdido até o momento. Segundo os moradores, tudo aconteceu muito rápido.
— Veio aquele tufão e só deu tempo de ver as pessoas gritando, árvore caindo, as estruturas metálicas do armazém indo tudo para o chão, uma barulheira. Foi bem assustador, tenebroso — lembra o laboratorista Bernardo Silveira Urach.
— Foi muito assustador por causa do barulho que dava e a água entrando dentro de casa, a gente não sabia o que estava acontecendo. Quando parou conseguimos abrir a porta e vimos que o estrago era grande, muito fio, árvores caídas, folhas de zinco... — conta a líder de produção Marciele Hoffman Pereira.
Segundo o prefeito, Sidnei Brondani, São Luiz Gonzaga ainda não tem uma estimativa total das perdas, mas a previsão é que os prejuízos sejam altos.
— A iniciativa privada, empresas, prédios quase novos foram para o chão. Aqui (o armazém (da cooperativa) é o maior exemplo, mas temos outros pontos comerciais e danos sem precedentes — disse.
Seis escolas sem aula
Por causa dos estragos, a prefeitura de São Luiz Gonzaga determinou a suspensão das atividades em quatro escolas municipais por tempo indeterminado. Nos locais, há registro de salas alagadas e perdas de equipamentos. São elas:
- Emei Altamiro da Silva (bairro Jauri)
- Emei General José Alves Paiva (bairro Agrícola)
- Emef José Bonifácio (bairro Auxiliadora)
- Emef Coronel Manuel Manedi de Souza (bairro Mário)
Conforme a Secretaria Estadual de Educação (Seduc), as atividades também foram suspensas em duas instituições estaduais de São Luiz Gonzaga. São elas:
- Escola Estadual Cruzeiro do Sul (vila Trinta) — por tempo indeterminado
- Escola Estadual João Aloisio Braun (Centro) — apenas na segunda-feira para limpeza
A sede da Secretaria Municipal de Saúde e duas unidades básicas de saúde, dos bairros Mário e Agrícola, devem permanecer fechadas na segunda-feira para limpeza, com expectativa de reabertura na terça (18). O Museu Arqueológico teve danos estruturais no muro e telhado e passa por consertos.