Criado por um grupo de moradores de Passo Fundo e Espumoso, no norte gaúcho, o projeto Adote uma Família tem mobilizado pessoas de todo o país para ajudar na reconstrução da vida de quem perdeu tudo após as enchentes no Rio Grande do Sul. Como o nome diz, a iniciativa prevê que a população "adote" uma família e a ajude com o que for necessário no processo de reconstrução, em especial para remobiliar as casas.
Envolvido desde o começo na rede voluntária de ajuda aos atingidos pela enchente, o grupo — hoje com mais de 80 integrantes — começou o projeto no fim de maio e fez sua primeira entrega no último domingo (16), quando distribuiu doações a cerca de 100 famílias de Rio Pardo, Eldorado do Sul e São Jerônimo.
— Vimos o que precisam e colocamos tudo em uma planilha para que possamos suprir a necessidade de cada família, além de kits com travesseiros e cobertores, e enviamos cestas básicas. Tudo pensando em cada família e a sua necessidade particular — explicou Sônia Kellermann, uma das idealizadoras do projeto.
Para encontrar as famílias "adotivas", os participantes buscam voluntários das cidades prejudicadas para identificar as pessoas que tiveram perdas por causa da chuva. A preferência é para núcleos familiares com pessoas com deficiência, idosos e mães solo, como explica Janaína Benderovicz, uma das líderes do grupo:
— Quando fomos nas áreas atingidas fazer os mutirões de limpeza, encontramos as primeiras pessoas e criamos vínculo com voluntários que nos ajudam a fazer a captação. Um fala para o outro e acaba engajando nossa causa. O objetivo é ajudar pessoas mais vulneráveis e em extrema pobreza que já não tinham muita coisa e acabaram, com a enchente, perdendo tudo.
Corrente de apoio
Para dar certo, o grupo conta com uma rede de apoio em diversas partes do país, incluindo Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Espírito Santo, além de parcerias com empresas e entidades da região, que ajudam desde no depósito das doações até no empréstimo do CNPJ para que os voluntários não precisem trabalhar diretamente com dinheiro, como é o caso do Projeto Tato, de Passo Fundo.
Para auxiliar, o grupo montou um pacote com a rede Lojas Becker de R$ 2.130 com os itens mais demandados: fogão quatro bocas, pia de inox, balcão, cama casal e roupeiro. A partir das doações, o objetivo é voltar nas famílias que receberam os itens ao menos uma vez por mês para seguir no apoio do que for necessário.
— Temos um cadastro com telefone, endereço e as necessidades de todas as famílias para que possamos fazer o melhor acompanhamento possível e ter certeza de todos têm o que precisam e fazem bom uso das doações. O objetivo é, dentro do possível, visitá-los para acompanhar no que for necessário e seguir levando doações — pontuou Janaína.
No domingo (16), o grupo levou doações para 40 famílias de Rio Pardo e 60 de São Jerônimo. Em Eldorado do Sul, as entregas foram de kits de material escolar às crianças que precisavam voltar à escola após a enchente que destruiu a maior parte da cidade.
Como ajudar
O grupo não recebe dinheiro diretamente. Os recursos devem ser destinados ao Pix do Projeto Tato (projetotatopf@gmail.com), que emprestou o CNPJ para possibilitar as compras e doações.
Também é possível buscar as Lojas Becker, pagar o valor do kit e informar ao grupo sobre a doação, ou deixar mantimentos em pontos de coleta em Passo Fundo e Espumoso. São eles:
Passo Fundo
- Supermercado Mix Center (Boqueirão)
- Avenida Presidente Vargas, 810 — Vila Rodrigues
Espumoso
- Rudi Automóveis (Av. Osvaldo Julio Werlang, 555)