Desde os primeiros indícios da gravidade das enchentes que já prejudicam ao menos 86% do Rio Grande do Sul, uma rede de apoio passou a ajudar nas buscas por desaparecidos e no envio de donativos aos mais atingidos. Entre forças de segurança e voluntários, há pessoas de estados e países vizinhos na linha de frente dos resgates e envios de donativos.
Neste sábado (11), depois de uma viagem de mais de 4,4 mil quilômetros, bombeiros do Amapá devem chegar até Porto Alegre. Ao longo da semana, o time percorreu outros estados como Belém (PA), Maranhão, Tocantins e Goiás, para chegar até o RS.
O Corpo de Bombeiros Militar do norte do Brasil enviou 16 pessoas para ajudar no trabalho de salvamento. Eles partiram da cidade de Macapá (AP) na segunda-feira (6) e devem atuar especificamente em casos da grande Porto Alegre.
— Temos 16 profissionais especialistas em salvamento, com capacitação para casos de inundações, deslizamentos, águas rápidas, mergulho de resgate, busca e resgate em estruturas colapsadas e salvamento aquático e terrestre — explica o comandante da equipe de busca, resgate e salvamento, major Aderaldo Clementino Leite.
Equipe de São Paulo já realizou mais de 80 resgates
Equipes de resgate de São Sebastião (SP), auxiliam na localização e atendimento às vítimas das enchentes. Há um ano, a cidade paulista também foi atingida por fortes chuvas e deslizamentos de terra, que contabilizou 64 mortes e milhares de desabrigados. O conhecimento nesse tipo de enfrentamento fez com que a cidade enviasse uma equipe de oito pessoas especializadas em resgate e busca, como explica o prefeito Felipe Augusto:
— Tivemos situação semelhante no ano passado, o que fez com que desenvolvêssemos times altamente capacitados, que passaram por essa situação. O efeito pós-tragédia também será bastante complicado, aqui as famílias desenvolveram problemas de ordem psicológica, e até a normalização ainda devem ser meses muito duros pela frente. Por isso seguiremos ajudando.
Desde o início da semana, as equipes de solo e aquática auxiliam nos resgates e na área médica hospitalar. Ao total, já foram feitos mais de 80 resgates de pessoas nas cidades de Estrela, Teutônia, Cachoeira do Sul e Guaíba. Os trabalhos atuais se concentram em Porto Alegre.
Nos próximos dias, os servidores virão até Passo Fundo, onde funciona um Gabinete de Crise, como base de apoio técnico na montagem e organização de documentos de liberação de recursos do governo do Estado. Eles aguardam condições de voo para se deslocar até a cidade.
Ajuda vinda de outros países
Nesta semana, ao menos sete países da América do Sul, Norte e Oriente Médio se colocaram a disposição para ajudar o estado brasileiro, segundo o Itamaraty. Uma lista é disponibilizada pelo governo federal, com os donativos necessários. Conforme o ministro conselheiro da Embaixada de Honduras, Raul Graugnard, cada embaixada garantiu uma quantia de 12 caixas de donativos, entregues na quarta-feira (8) ao governo, que fará a entrega no RS.
— Nós ficamos responsáveis por alimentos não perecíveis e de higiene. Mandamos fraldas, toalhas higiênicas, e alimentos como óleo, açúcar, arroz, feijão, atum, massa e sucos — relata Graugnard.