Já são quatro meses consecutivos de chuvas acima da média histórica em Passo Fundo. Esse cenário, impulsionado pelo El Niño, tem efeitos positivos nas duas barragens que abastecem o município do norte do RS. Ambas, segundo a Corsan, recuperaram o déficit hídrico acumulado dos últimos três anos.
Quem chega na Barragem da Fazenda, que abastece 60% de Passo Fundo, logo vê a diferença do local em relação aos primeiros meses do ano. As ilhas que eram visíveis por quem passava pela BR-285 já não existem mais (veja o antes e depois abaixo). O nível da barragem está praticamente no máximo. Cena que se repete na Barragem do Arroio Miranda.
— Esse ano bem diferente dos três últimos anos, quando nós passamos por estiagens severas e prolongadas, choveu muito acima da média e isso recuperou todo aquele déficit hídrico que nós tínhamos. Hoje nós estamos com as duas barragens com seu nível máximo e estamos também com as nascentes fortalecidas —conta o superintendente regional da Corsan, Aldomir Santi.
Com nascentes fortalecidas e bons níveis, o início de 2024 não terá a preocupação em relação a possíveis racionamentos como foi em 2023. Ainda assim, a população deve fazer o uso consciente dos recursos hídricos.
Fim da transposição de água
Com as chuvas intensas dos últimos meses, a Corsan pôde encerrar o trabalho de transposição do Rio Jacuí e do lago da antiga Pedreira do bairro São José. A primeira acontecia desde dezembro de 2022. O sistema foi construído em 2011, quando o Estado passava por uma severa estiagem, e utiliza uma bomba movida por gerador que capta a água do rio Jacuí e leva até a Barragem da Fazenda. São 5 quilômetros de extensão e uma vazão que, em alguns momentos, chegou a 200 litros de água por segundo.
Já a transposição do lago da antiga pedreira do bairro São José começou em 13 de fevereiro. Nesse caso, a água era transferida para a Barragem do Arroio Miranda.
Ambas foram medidas preventivas adotadas pela companhia para evitar o desabastecimento da cidade. Além disso, após as chuvas, a empresa fez um trabalho inverso para recuperar as duas fontes, ou seja, enviou água das barragens para os dois pontos que deram apoio fundamental durante a estiagem.
Atualmente, com os reservatórios cheios, a Corsan trabalha apenas com o sistema próprio de vazão dos locais para reduzir o nível quando necessário.
— Nossas barragens são de níveis que transpõem por cima do vertedouro. Então essa é uma forma do excesso de água ter o seu fluxo normal e, além disso, em cada barragem tem um expurgo de fundo que é um tubo de grande dimensão onde nós abrimos para que esvazie um pouco a barragem — explica Santi.
Chuvas intensas voltaram após um ano abaixo da média
O mês de julho de 2023 foi o primeiro desde junho de 2022 que as chuvas superaram a média histórica prevista em Passo Fundo. Dados do Inmet (veja arte abaixo) mostram que quase metade dos meses deste ano tiveram mais precipitações do que a média, o que contribuiu para essa recuperação dos reservatórios.
O destaque é o mês de novembro, cuja média é de 160 milímetros, mas teve registro de 533 milímetros de chuva, nível quatro vezes superior. Veja abaixo o comparativo entre a média e o que foi registrado de chuva em Passo Fundo durante o ano.