Imprudências no trânsito, música alta, confusão e até atropelamentos são cenas que têm feito parte dos fins de semana dos moradores do loteamento Central Park, em Passo Fundo. Conforme relatos de quem vive por lá, motoqueiros e motoristas usam o local como ponto de encontro para ouvir som alto, "empinar" as motos e disputar rachas há pelo menos um ano.
No último domingo (5), um jovem foi atropelado depois que duas motos se chocaram e subiram na calçada. Uma semana antes, outro atropelamento havia ocorrido. Situações como esse não são incomuns: em reportagem de GZH publicada em julho, uma tentativa de homicídio e um homicídio já haviam sido reportados no local.
— Nós, moradores, não aguentamos mais, todo fim de semana é um inferno. Não conseguimos sair de dentro de casa, eles ficam passando por todas as ruas, empinando, acelerando, atropelam pessoas, batem nos veículos estacionados e fogem — relata uma das moradoras, que não quis se identificar por medo de represálias.
Outro morador contou à reportagem que as crianças não têm mais conseguido frequentar a pracinha do loteamento. O medo é que sejam atropeladas pelos motoqueiros que sobem nos canteiros.
— Está uma verdadeira baderna. Já houve morte, nesse fim de semana foram dois acidentes, tem bebida, drogas. É um terra de ninguém — reclama.
Chamados não atendidos
No último domingo, a moradora Francine da Rosa contatou as autoridades para denunciar o problema. De acordo com ela, a Brigada Militar informou que não teria viatura disponível para fazer a fiscalização.
Em ligação para a Guarda de Trânsito, a qual a reportagem teve acesso, o agente afirma que "só tem um apito e um rádio". Ele diz que não são "instruídos a sair perseguindo motocicleta" e conclui dizendo que Francine deve registrar a denúncia no Ministério Público.
— Até quando acidentes e mortes vão ocorrer para que os órgãos de segurança pública tomem providências? — questionou a moradora.
O que dizem as autoridades
O secretário de Segurança Pública, João Darci Gonçalves, afirmou que ações conjuntas já foram efetuadas no local pela Brigada Militar e agentes de trânsito. Ele pontua que as operações devem ser retomadas no local, que requer mais atenção.
— Quanto ao não deslocamento ao local, por ser final de semana, haviam diversas frentes de trabalho e outras demandas acontecendo. Nessas situações, os agentes atuam em conjunto com a BM. Mas estamos cientes dos problemas e vamos dar uma resposta aos baderneiros — afirmou o secretário.
O comandante do 3° Regimento de Polícia Montada (3RPMon), tenente-coronel Marco Antônio dos Santos Moraes, disse que a Brigada realiza ações sistemáticas de fiscalização em todos os bairros, incluindo o Central Park.
— Temos outros pontos da cidade onde também os moradores enfrentam o problema da perturbação do sossego, como por exemplo a região central e a Praça Capitão Jovino. Temos ações específicas nesses locais também, mas não temos como estar em todos esse locais ao mesmo tempo e por período prolongado. A perturbação do sossego é um problema mais complexo, em especial nos finais de semana. São inúmeros chamados ao 190 — pontuou.