Amigo, trabalhador e festeiro: assim será lembrado o agricultor Cristiano Schusler, 41 anos, que morreu após o carro em que ele estava ser arrastado pela correnteza em Mato Castelhano, na madrugada de segunda-feira (4), quando uma enxurrada atingiu o norte do RS.
Cristiano voltava do centro da cidade com um amigo por volta das 3h quando o carro em que estavam começou a ser levado pela água. O amigo conseguiu sair do carro e se segurar em galhos à beira do córrego, na comunidade de Nossa Senhora de Lourdes.
— Ele conhecia essa estrada como ninguém, é a principal ligação entre a nossa comunidade com o centro da cidade. Acredito que, em função da falta de luz, ele não percebeu que o rio tinha transbordado e invadido a estrada de chão. Como a correnteza estava muito forte, acabou arrastando o carro — detalha a prima Juliane Carissimo.
O veículo foi encontrado a cerca de 500 metros da estrada. Conforme Juliane, o rio não atingia níveis tão altos há pelo menos 20 anos. Desde sexta-feira (1), choveu mais de 300 milímetros na comunidade de Nossa Senhora de Lourdes, onde Cristiano morava com a mãe.
"Éramos como irmãos"
Juliane e Cristiano cresceram juntos em Mato Castelhano e, atualmente, eram vizinhos. Segundo ela, o primo gostava de sair com os amigos e curtir uma festa, mas era ela sua confidente.
— Tínhamos uma relação muito boa. Éramos como irmãos, ele me falava sobre tudo que se passava com ele. Além disso, era uma pessoa muito trabalhadora, ajudava a todos. Não tinha inimizades com ninguém. Pelo contrário, colecionava amigos. É uma dor que vai ser difícil de sarar. Agora ficam os bons momentos, as lembranças e o legado de um homem trabalhador e solidário — completa.
Natural de Mato Castelhano, Cristiano nunca saiu da comunidade de Nossa Senhora de Lourdes, onde morava com a mãe. Em setembro, faz 14 anos que seu pai morreu. Ele deixa a mãe e um irmão. Schusler foi enterrado na manhã desta terça-feira (5) no cemitério da comunidade de Nossa Senhora de Lourdes.