Familiares e amigos de Murilo Maciel Lemes, que morreu aos dois meses de idade, em 19 de junho, pediram justiça em um protesto em frente ao Hospital Frei Clemente, em Soledade, neste sábado (22).
Cerca de 20 manifestantes vestiram camisetas com fotos da criança e ergueram cartazes com frases como “Queremos Justiça por Murilo” e “O hospital precisa de atendimento pediátrico na hora”.
O bebê foi internado no hospital em 17 de junho, com sintomas gripais, como tosse e chiado no peito, e morreu menos de dois dias depois. O atestado de óbito aponta insuficiência respiratória e pneumonia bacteriana como causa da morte.
— Voltar, ele não volta mais. Mas queremos justiça para que não aconteça o mesmo com outras pessoas. Ele era uma criança sadia e morreu muito rápido — disse Isaura Maciel, mãe de Murilo.
A família da criança registrou um boletim de ocorrência e iniciou um processo judicial contra o hospital. Eles relatam que há falta de pediatra e alegam negligência médica pelo fato da equipe médica não ter informado sobre a gravidade do caso.
O que diz o hospital
GZH Passo Fundo procurou o Hospital Frei Clemente neste sábado, mas não obteve resposta. Em nota enviada à imprensa no começo de julho, a instituição lamentou a morte e disse que tomou todas as medidas para o atendimento da criança. Leia na íntegra:
“O Hospital de Caridade Frei Clemente vem manifestar-se no sentido de esclarecer que recebeu no dia 17/06/2023, no Pronto Atendimento, uma criança com 2 meses e 3 dias de idade, apresentando dificuldade respiratória, sendo de imediato tomadas as providências necessárias para o devido tratamento, conforme consta no respectivo Prontuário e evolução de enfermagem, o qual foi fornecido aos seus familiares.
Durante o período em que a criança esteve internada neste hospital, foram direcionadas todas as formas possíveis de atendimento e dentro das condições disponíveis neste hospital, tanto de equipamentos como do corpo clínico, como é de praxe.
Ao mesmo tempo foi solicitado vagas em hospitais equipados com UTI Neonatal através do Gerint, SUS vaga Zero e também por contato direto com hospitais de toda a região, o que restou infrutíferas as tentativas, fase a lotação que ocorre em especial neste período do ano.
Lamentamos profundamente que a criança tenha evoluído a óbito no dia 19/06 às 6h15min da manhã, e nos solidarizamos com os familiares, eis que tal fato ocorreu em decorrência das condições de saúde que apresentava quando de sua chegada ao hospital, jamais por falha e ou falta de atendimento adequado, tanto dos médicos envolvidos, quanto do corpo de enfermagem.
Lutamos diuturnamente há mais de 85 anos de forma ininterrupta para salvar vidas, o que em determinadas circunstâncias não é possível, em razão de fatores inesperados e alheios à vontade e dedicação das pessoas envolvidas nesta sublime missão.
Estaremos sempre prontos a prestar quaisquer esclarecimentos, sobre o presente caso, em sendo necessários."
A Secretaria Estadual de Saúde confirmou que recebeu a solicitação de vaga de leito para Murilo e começou a buscar por espaço em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) neonatal. Segundo a pasta, quando o pedido foi feito o quadro da criança já era grave e evoluiu rapidamente. O pedido foi encerrado em função da morte da criança.