Elucidar um crime seguindo as regras da lei brasileira: essa é a missão dos alunos do nono ano do Instituto Educacional de Passo Fundo (IE), no norte do Estado, nesta segunda-feira (25). Com togas e todos os atores de um júri real, os estudantes realizam uma simulação de julgamento no auditório do Direito da Universidade de Passo Fundo (UPF).
Até as 15h, os alunos são jurados, testemunhas, oficial de justiça, acusação, defesa e juíza, e trabalham para decidir o futuro de um réu de ficção.
O crime é baseado no livro de romance Madame Bovary (1856), do autor Gustave Flaubert, em que a personagem principal Emma morre envenenada. Para o júri, os alunos decidiram levar a julgamento o esposo médico da personagem.
Todas as fases do julgamento foram roteirizadas e estudadas na disciplina de produção textual e língua portuguesa junto de voluntários do Direito da UPF. Este é o segundo ano que os alunos fazem o júri simulado, coordenado pela professora Liara Azaredo da Silva:
— Estamos trabalhando desde junho. Primeiro eles leram a obra, interpretaram e depois passamos a construir o júri. O principal ensinamento aqui é construir o pensamento crítico e suas opiniões acerca de todos os temas da sociedade. Na prática, também a oratória e a desinibição.
Segundo o diretor do curso de Direito, Rogério da Silva, a atividade é uma forma de introduzir os alunos do ensino fundamental às práticas jurídicas e moldar suas visões de mundo:
— Apesar de não ter toda a técnica de um júri real, exige preparação dos alunos e professores. Estamos acostumados a simular juris com alunos de graduação, então receber alunos do fundamental é uma honra. Além disso, os aproxima das carreiras jurídicas no futuro.
O trabalho começou às 8h30min, com sorteio das sete testemunhas. Após o Conselho de Sentença ser formado, iniciaram as oitivas de defesa e acusação. Os debates devem seguir à tarde e o resultado será decidido pelas testemunhas. A previsão é de que o júri encerre às 15h.