Um trabalho escolar de gente grande. É isso que os alunos do nono ano do Instituto Educacional de Passo Fundo (IE) realizam nesta quarta-feira (8), com um júri simulado na Faculdade de Direito da Universidade de Passo Fundo (UPF).
Ao todo, quase cem estudantes estão envolvidos no projeto. A iniciativa surgiu no nono ano, onde os 27 alunos estudaram o crime da obra "Coração Delator", de Edgar Allan Poe, e interpretam os papéis de promotores, defesa, réu e juiz.
O trabalho iniciou às 9h, com a apresentação e sorteio das testemunhas. Após ser formado o Conselho de Sentença, tiveram início as oitivas de defesa e acusação. A previsão é de que o júri encerre às 15h.
Caetano Lopes, 15 anos, responsável por interpretar o réu, afirma que participar da atividade fazendo um papel tão importante é algo enriquecedor e muito satisfatório.
— Desde o primeiro momento tem sido algo muito bacana. Estamos todos muito contentes com este momento. Espero que corra tudo bem, porque trabalhamos bastante — pontua.
Como surgiu a ideia
O trabalho do júri simulado foi realizado dentro da disciplina de produção textual, onde os estudantes aprendem argumentação e explanação.
— A ideia do projeto é fazer com que os alunos se tornem protagonistas da aprendizagem e vejam o significado de estar aprendendo argumentação, para que eles desenvolvam essa questão de se posicionar, falar em público, explanar suas ideias e de se defender. Além disso, eles já começam a ter contato com parte da legislação, já vislumbrando daqui a pouco áreas que eles possam se dirigir depois de formados — detalha a coordenadora de produção textual Liara da Silva, uma das idealizadoras do júri.
A professora acrescenta que o trabalho se concretizou com o auxílio da Escola de Ciências Jurídicas da UPF, a qual supervisionou o projeto. Segundo a orientadora jurídica Élvia Azeredo, os encontros serviram para passar noções da legislação.
— Tenho certeza que eles irão dar um show hoje aqui. Pois são estudantes muito capacitados e com muita facilidade de aprendizado e dedicação. Como eles já tinham a literatura, nós apenas demos um empurrãozinho, apresentando a legislação. O mérito é todo deles — comenta.
Além de Azeredo, o projeto contou com a supervisão de Fernando José Morello e Rafael Gomes Secco.
Para o diretor do IE, Marcos Wesley, o trabalho desenvolvido pelos alunos nesta manhã exemplifica o plano pedagógico da instituição, em que propõe que os alunos vivenciem situações da vida real.
— A escola tem que proporcionar isso para o estudante. Esse projeto dá possibilidade para o nosso estudante viver algo diferente, algo que sai do espaço da sala de aula, mas com base naquilo que ele aprende na escola. Então ele aprende a teoria e coloca em prática com possibilidades da vida real — completa.
O livro
O livro "Coração Delator" é um conto de horror que fala sobre um cuidador de idosos, que assassinou seu paciente, um idoso com um olho “abutre”, como o narrador chama. Após matar a vítima, o homem arranca o coração do idoso, desmembra o corpo e esconde os restos mortais.
Contudo, quando a polícia chega na casa do assassino, ele já incomodado com os sons da batida do coração da vítima, confessa o crime.