Em Carazinho, no norte do RS, o tradicional sinal sonoro das escolas foi substituído por músicas ou sons menos estridentes. A determinação parte da lei nº 8961/2023, aprovada pela Câmara de Vereadores e sancionada pelo Executivo em agosto.
O objetivo é tornar o ambiente escolar mais confortável para estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou outras deficiências, já que o som estridente causa incômodos sensoriais a esse público.
A primeira implementação foi feita na Escola Municipal de Ensino Fundamental Políbio do Valle, no bairro Santa Terezinha, ainda em agosto. Pelo menos 200 estudantes frequentam a instituição, que já percebe benefícios na mudança.
— Impactou todos os alunos porque a troca do sinal estridente pela música modificou o bem estar, o clima da escola. Como temos anos iniciais aqui, o sinal de saída é a música dos Sete Anões, já na hora do recreio, é uma mais calma, que motiva que os alunos saiam mais tranquilos da sala — disse o diretor Sebastião Jr. de Albuquerque Silva.
Além do clima mais calmo, a mudança também motivou inclusão entre os estudantes, que passaram a contribuir com sugestões para a playlist do sinal da instituição.
Atualmente, a abertura da manhã para os alunos das turmas dos anos iniciais é Fazendinha, do Mundo Bita. A música do recreio, a pedido dos alunos do sexto ano, é Como é bom ser criança, da Galinha Pintadinha. E as demais são instrumentais: Aquarela, do Toquinho e Stand By Me. Esta última, tocada pelo grupo instrumental da escola.
Em contrapartida, a playlist também virou um recurso para o corpo docente, que usa o novo formato para transmitir músicas sobre atividades desenvolvidas na escolar.
— Parece algo pequeno, mas tem sido significativo na resposta que eles têm dado. É um ambiente mais integrativo, mais lúdico, e a ludicidade é importante na educação. Isso reflete no ambiente escolar — pontuou.
Acessibilidade
A ideia de instaurar um novo sinal veio a partir de um estudo sobre o TEA desenvolvido pela vereadora Janete Ross de Oliveira (PSB), que criou o projeto. Educadora há mais de 30 anos, ela percebeu que a sensibilidade das crianças autistas transforma o som estridente em um ruído que atrapalha o dia a dia.
— É como se o sinal estivesse dentro da cabeça deles. Muitas crianças com deficiência mental leve, não somente autismo, frequentam a escola comum e elas se sentem incomodadas com uma série de barulhos, então por que não tornar esse ambiente mais agradável? — reitera ela.
Depois da Escola Políbio do Valle, todas as escolas de Carazinho, sejam elas públicas ou privadas, deverão implementar a mudança no sinal escolar. O prazo para a adequação vai até fevereiro.