Aos 85 anos, a aposentada Marta Nienvinsky está aprendendo a ler e a escrever. Ela não teve a oportunidade de estudar quando era nova porque precisava trabalhar na para ajudar no sustento da família.
— Eu acho uma boa a gente aprender porque quando a gente tinha idade pra isso não pôde porque tinha que trabalhar e naquele tempo não era fácil ir pra escola como agora — relembra a idosa.
A dona Marta é a aluna mais experiente de uma turma de 16 idosas que está sendo alfabetizada em Marau, no norte do estado. Para a maioria delas voltar para a sala de aula é a realização de um sonho de infância.
— Está sendo muito bom aprender. Eu não sabia ler agora já sei, já consigo ver uma placa por exemplo e saber o que ela diz. No dia no meu aniversário meu filho me deu um cartão e eu consegui ler todo — conta a aposentada Maria Lourdes da Silva, de 75 anos.
A oportunidade de aprender veio através do projeto "Alfabetização na terceira idade: um sonho possível". As aulas acontecem no Centro de Convivência do Idoso e contam com a ajuda voluntária da professora aposentada Gertrudes Savaris.
— Eu me sinto bem no meio dessas pessoas. É tão bom ver elas aprendendo. Não tem dinheiro que pague isso — relata a professora que voltou pra sala de aulas depois de 34 anos aposentada.
O projeto foi finalista do prêmio Educador Transformador, na categoria Educação de Jovens e Adultos. A premiação nacional reconhece e promove as práticas educacionais que ajudam a transformar a sociedade. A iniciativa ficou entre as dez melhores do país e foi apresentada em São Paulo pela professora responsável por ensinar as idosas, Adriela Balotin Tonin.
— Ver a autonomia delas, cada uma conquistando o seu espaço, sendo capaz de dar opinião, de participar dos eventos, de localizar algo quando é pedido através da leitura, da escrita, dos números, é muito gratificante. São questões que para nós podem ser muito simples, mas que para elas tem um significado muito especial — explica Adriela.
Desde que as aulas começaram, em 2019, mais de 50 idosas já foram alfabetizadas. A secretária de Educação de Marau, Madeline Zancanaro falou sobre o projeto:
— Isso é muito inspirador. É motivo de orgulho pra nós, pra elas e para as famílias das idosas também — destaca.
Para cada uma das alunas, a oportunidade de aprender significa inclusão, mais confiança e resgate da autoestima. Além do exemplo de que nunca é tarde para aprender e ser grato pela oportunidade.
— Nunca puder ir para o colégio. Eu agradeço muito a professora por me ensinar a ler. Eu estou me sentindo muito bem em aprender tudo isso — agradece a aposentada Jurema de Lima Rodrigues.
GZH Passo Fundo
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