A menos de 15 dias para a data limite para receber a primeira parcela do 13º salário, muitos trabalhadores com carteira assinada, aposentados e pensionistas do INSS organizam as finanças para saber onde investir o dinheiro extra de final de ano.
O primeiro pagamento deve ser feito até o dia 30 de novembro, enquanto a segunda parcela cai na conta até 20 de dezembro.
Como em todos os anos, o benefício tende a movimentar a economia de Passo Fundo e representa uma injeção importante no comércio local, como afirma o presidente do Sindilojas do município, Carlos Damiani.
— Neste ano, cerca de 3,2 milhões de trabalhadores formais no Estado, dos setores públicos e privados, devem receber o 13º, o que representa cerca de R$ 13 bilhões na economia. A expectativa é que isso estimule o consumo em lojas, restaurantes e serviços, movimentando setores como vestuário, eletrônicos, turismo e alimentação — afirmou.
Segundo ele, muitos consumidores também aproveitam o dinheiro extra para quitar dívidas e investir em melhoria pessoas e residenciais, o que fortalece outros segmentos da economia.
— Esse cenário cria um ciclo positivo que beneficia não apenas os comerciantes, mas também gera empregos temporários e oportunidades para novos negócios — conclui.
Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Passo Fundo, Evandro Pereira da Silva, a época é convergente ao consumo e muitas pessoas estão motivadas a comprar presentes para o Natal, por exemplo. Além disso, parte do valor deve ser investido em quitação de dívidas.
— Isso também é positivo, porque acaba abrindo créditos novamente. Uma situação está ligada a outra — disse.
De olho nas finanças
O uso do benefício, que chega em uma época propícia para gastos próximos as festividades de final de ano, deve ser muito bem planejado para que não evapore rapidamente.
Por isso, o alerta é simples: se não possui renda, não compre, como afirma a economista e professora da Universidade de Passo Fundo (UPF), Cleide Moretto.
— As pessoas precisam repensar as suas atitudes relativas ao consumo, pois é fundamental que seja estabelecida uma hierarquia de necessidades, assim como uma definição de prioridades. Lembrando também que o cartão de crédito é uma moeda artificial, e não uma renda extra. Mudar a atitude é fundamental — explica.
Em caso de endividamento, o ideal é renegociar as dívidas, pagar aquelas com taxa de juros e custo maior, rever prazos e respeitar os limites da renda para não se envolver em novos pagamentos a longo prazo.
— Nossos hábitos de consumo em um número expressivo de parcelas tendem a fortalecer essa vulnerabilidade ao endividamento — pontua.
Como começar o ano com um planejamento financeiro saudável
Para que o dinheiro renda e seja utilizado da melhor forma é preciso ter planejamento, afirma a economista.
— Nossa população não tem o costume de planejar. Atuamos no curto prazo e, por esse motivo, nossas decisões não são organizadas de forma a identificar e antecipar gastos que já são previsíveis, como o IPVA e o IPTU — disse.
Através do papel ou de um aplicativo no celular, é possível organizar as entradas e saídas das economias pessoais ou da família. Esse mapa de gastos possibilita a realização do diagnóstico sobre os limites da renda e como utilizar recursos já poupados.
— Todo ano vemos pessoas que se endividam para pagar gastos já previstos como tributos federais, estaduais e municipais. Esses gastos não são extras, são previstos. Outros gastos extras sim podem interferir em nossa capacidade financeira e a precaução precisa ser pensada como um item do planejamento — conclui.