Roupas que parecem novas, mas, por serem usadas, chegam a custar menos da metade do preço: essa é a vantagem do mercado alternativo de uniformes escolares, modelo de negócio para as famílias que querem driblar os gastos extras do começo do ano, como impostos e material escolar.
A maioria das vendas acontece em grupos de desapego nas redes sociais. Em um dos grupos, voltado a moradores de Passo Fundo, o número de membros ultrapassa os 3 mil. Com publicações diárias, famílias oferecem uniformes usados, mas em bom estado, aos demais participantes.
A médica veterinária, Tuany Maia Rocha, 27 anos, está entre os membros e participa de vários outros grupos. Segundo ela, o que mais a atrai nesse mercado é o fato de ser possível encontrar uniformes em ótimo estado, mas com preços mais acessíveis.
Nesse ano, a filha mais nova, Alita, de um ano e nove meses, começa na escolinha e, como nessa fase os bebês crescem rápido, ela preferiu procurar por roupas à disposição nas redes sociais.
— Na loja, as peças do uniforme que a escola recomendou ficam a partir de R$ 50, cada uma. Mas procurando nos grupos e brechós, encontrei uma oferta de outra mãe de mais de 10 peças por R$ 150. E são roupas muito bem conservadas. Provavelmente no ano que vem essas já não vão mais servir, então se ainda estiverem em bom estado certamente passarei adiante — conta.
A bióloga Thiandra Sangalette também é adepta das compras de uniformes usados em grupos nas redes sociais há pelo menos seis anos. No momento, está tentando se desfazer de peças antigas dos filhos de seis e 10 anos e busca uniformes novos:
— No meu caso, eu mudei de escola, então tenho várias peças para venda porque tive que comprar na nova escola. E, mesmo assim, nessa outra escola, também já comprei várias peças usadas. Então a gente faz esse intercâmbio para poder aliviar um pouco o orçamento. Na maioria dos casos, é possível pagar um terço do valor de uma peça nova.
Produção
Apesar de muitos pais buscarem meios alternativos para adquirir uniformes, as malharias e confecções dos vestuários de Passo Fundo entendem que há espaço a ser compartilhado. Nos estabelecimentos visitados por GZH, os atendentes relatam que não sofrem perdas com um mercado cada vez mais em alta.
— O sol brilha para todo mundo. Há espaço para todos — comenta a proprietária de uma loja de confecções, Ana Paula Marcondes.
Segundo Ana, a empresa começa a se preparar em setembro para o período de início do ano letivo. Com estoques em dia, a loja concentra os esforços na reposição e produção dos itens de inverno.
Já na loja e fábrica da Laine Pandolfo, que produz uniformes escolares e empresariais, a produção aumenta até 20% em função das peças escolares.
— A procura aumenta nessa época do ano, especialmente em fevereiro, e a gente sempre busca ter peças a pronta-entrega e não deixar os pais na mão quando vêm na loja comprar os uniformes dos filhos — detalha.