O município de Camargo, no norte do RS, espera aumentar a arrecadação a partir de 2025, quando a empresa Biofuga deve concluir a construção de uma esmagadora de soja na cidade. A companhia confirmou a instalação da estrutura e início das obras em 1º de agosto.
Da geração de empregos ao aumento da arrecadação de impostos, o projeto é celebrado por moradores e empresários. A estrutura terá um investimento de R$ 300 milhões por parte da empresa responsável, mas a expectativa é de faturamento anual de R$ 1,5 bilhão a partir do funcionamento, previsto para começar em junho de 2025.
Segundo o diretor de projeto, Ademir de Quadros, para tirar o projeto do papel serão necessários cerca de 200 trabalhadores no canteiro de obras. Com tudo pronto, a esmagadora terá uma demanda de 80 funcionários.
Parte dessa equipe já deve ser contratada no próximo ano para participar de treinamentos e acompanhar os processos da empresa, disse Quadros. Nessa etapa, serão chamados profissionais com nível de qualificação mais alto, a fim de acompanhar desde a montagem dos equipamentos até o início da largada da planta.
Quando pronta, a esmagadora de soja terá uma estrutura de 19 mil metros quadrados e trabalhará com a produção de biodiesel e farelo de soja. Com isso, a empresa prevê, além da geração de emprego, a valorização do produto regional.
— Vai agregar muito valor a soja da região, vamos ter disponibilidade de farelo para exportação e mercado interno. Além disso, vamos utilizar 100% do óleo de soja para a indústria de biodiesel — disse o diretor Paulo José Fuga.
Aumento nos negócios locais
A chegada de profissionais no município que hoje tem pouco mais de 2,9 mil habitantes entusiasmou os empresários de Camargo, que já percebem oportunidades de crescimento.
Os responsáveis pelo projeto e logística trabalham com a possibilidade de pelo menos 100 caminhões irem diariamente até a esmagadora de soja. Cargas de grãos, farelo e biodiesel serão constantes na RS-132. O borracheiro Edgar Antunes é um exemplo de quem vê a chegada do empreendimento e o fluxo de veículos na pista com bons olhos.
A borracharia dele fica às margens da RS-132 desde 1987, quando Camargo ainda era um distrito de Marau. Ao longo dos últimos 40 anos, Edgar viu o município surgir oficialmente e evoluir. Agora, ele comemora a perspectiva da instalação da esmagadora de soja nas proximidades.
— Vai favorecer desde o comércio, mercado, restaurante, hotel. No meu caso, borracheiro, vão rodar mais caminhões, alguma coisa vai alavancar pra mim. Eu estou trabalhando sozinho no momento, posso, num futuro breve, precisar de mão-de-obra, contratar mais um ou dois funcionários para me ajudar — disse.
A empresária Ângela Pagnussat Franceschi é dona de um supermercado na cidade e já reparou o aumento do das vendas. Por isso, já planeja a expansão da estrutura do negócio.
— Estamos procurando um terreno no município para ampliar o nosso supermercado. Hoje temos uma área de 700 metros quadrados, pretendemos dobrar esse tamanho, justamente pelo fato de Camargo estar crescendo — disse.
Maior arrecadação de impostos
Com uma receita de R$ 1,5 bilhão ao ano, a esmagadora de soja também deve aumentar a arrecadação de impostos do município. De acordo com a prefeitura de Camargo, a expectativa é de que, a partir de 2025, o empreendimento gere R$ 20 milhões em taxas anualmente.
Deste montante, R$ 2 milhões vão ser repassados ao município. Essa adição representa um aumento de 6,6% na receita em relação aos R$ 30 milhões que o município recebe atualmente.
— Nossa estimativa é que, em 10 anos, a gente possa dobrar o ICMS do município. Com certeza é um recurso que volta pra nossa comunidade. Então, além de gerar emprego, vai melhorar ainda mais os serviços públicos prestados a nossa comunidade — pontuou a prefeita Jeanice Fernandes.