Nascido em Porto Príncipe, capital do Haiti, Jean David Chery é o novo padre da Paróquia São Judas Tadeu, comunidade católica da Vila Luiza, em Passo Fundo, no norte gaúcho. Aos 39 anos, ele assumiu o espaço no fim de janeiro e vive no Brasil desde 2018.
Da congregação dos Oblatos de São Francisco de Sales, ramo religioso baseado no Haiti, Equador, Uruguai e Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul, Chery nasceu na capital haitiana, uma das cidades mais violentas do mundo. Mas sua realidade era diferente: em entrevista a GZH Passo Fundo, o padre conta que cresceu em uma família que sempre transmitiu os valores cristãos aos cinco filhos.
— Os valores eram a fé, o amor a Deus e aos irmãos, oração, simplicidade e partilha. Por isso, desde a minha adolescência gostava de servir à comunidade, onde atuei como coroinha e membro de vários grupos e movimentos da igreja. Foi nesta experiência e convivência nos grupos, movimentos da Igreja e com os padres da minha paróquia que surgiu o desejo de ser padre — conta Chery.
O sotaque do sacerdote não esconde o francês, língua nativa do Haiti. Mesmo assim, é possível compreender o português do padre Chery, que teve sua primeira experiência no Brasil em 2011, seis anos depois de decidir que abraçaria o sacerdócio.
À época, realizou seu noviciado, período de formação que antecede a ordenação católica, no bairro Santa Marta, em Passo Fundo, onde permaneceu por 15 meses. Depois disso voltou ao Haiti, estudou Teologia e proferiu os votos perpétuos em maio de 2017.
Em dezembro do mesmo ano, foi ordenado padre em Porto Príncipe e, em março de 2018, voltou ao Brasil, dessa vez como vigário paroquial na Paróquia São João Batista, no município de Novo Barreiro. No ano de 2020, foi transferido para Palmeira das Missões, na Paróquia Santo Antônio, onde permaneceu até sua mudança a Passo Fundo.
Desafios no Brasil
Chery conta que veio para o Brasil por conta da congregação dos Oblatos de São Francisco de Sales, que possibilita a realização de intercâmbio entre os países. Segundo ele, a religiosidade no Brasil e Haiti se assemelha em muitos aspectos, apesar da população haitiana ser mais ativa nas igrejas.
— Ambos os países são católicos, a religião é forte e tem uma participação bastante semelhante. O povo participa e colabora. Mas no Haiti, onde a igreja ainda é muito jovem em comparação com o Brasil, a participação é mais viva — relata.
Questionado sobre os desafios que enfrentou na chegada ao Brasil, Chery afirmou que o frio gaúcho foi o fator que mais estranhou. Além disso, outro desafio encontrado foi com relação ao idioma: ele ainda tropeça no português.
— Vim de um país de clima tropical. Até me acostumei um pouco com o frio, mas foi muito difícil. Também com relação a língua, esse está sendo um desafio ainda, mas estou aprendendo e me adaptando — pontua.