Reconhecida mundialmente como Capital das Etnias, Ijuí reúne até hoje um pouco da cultura de cada povo que colonizou a cidade, no noroeste do RS. O título veio em decorrência da história do município. Há 133 anos chegaram na região centenas de famílias de diferentes países em busca por um bom lugar para viver.
A permanência na nova terra foi possível pelo trabalho, força de vontade e união de todos, como explica a professora de história Dolair Callai.
— Nós tivemos inicialmente 19 Povos, que foram os primeiros a colonizar. Esses povos tinham muitas lembranças, muitas aprendizagens que mereciam ser resgatados. Surge então o desafio da valorização da cultura desses povos.
Em 1987, foram criados em os primeiros centros culturais no município, que ficam no Parque de Exposições Wanderley Burmann. São casas étnicas, onde os moradores se organizaram com a gastronomia típica de cada país, seus grupos de dança e de canto, e um pouco da história da imigração. Os três primeiros centros criados foram os Poloneses, Alemães e Italianos.
— Foi instituída em 1996 a União das Etnias (UETI). Nessa época, nós já tínhamos os 12 centros culturais com suas casas, seus grupos de canto, dança, instrumental, as comidas típicas, a religiosidade, tudo isso sendo cultuado e mais recentemente, que somam-se os japoneses — ressalta Dolair.
Pra celebrar a diversidade de culturas, Ijuí realiza a Expofest. Uma feira que, além de movimentar a economia da região, também reúne 13 povos que realizam o evento cultural e gastronômico, que neste ano acontece de 11 a 22 de outubro.
O título
O trabalho realizado nos centros culturais fez com que o município fosse reconhecido internacionalmente, como ressalta o presidente da UETI, Jonas Adolfo Sala.
— É uma entidade que agrega muitas etnias, que agrega a história e da colonização do nosso município e que resgata então os valores e dos nossos antepassados das pessoas que vieram colonizar o nosso município. Isso fez com que Ijuí recebesse o título de Capital Nacional e Mundial das Etnias.
Em 2022, Ijuí recebeu o título de Capital Mundial das Etnias. O município foi reconhecido através do Encontro Internacional de Folclore e Artes Populares das Etnias e IIª Assembleia da IOV das Américas. O presidente Ali Abdu Kalifa da IOV Mundial, The International Organization of Folk Art — Organização Internacional de Folclore e Arte Popular, credenciada pela UNESCO — entregou o título ao município.
Passado e futuro
As diferentes etnias que colonizaram Ijuí, deixaram o legado de conviver em harmonia e até hoje, essa história é viva na cidade.
— É muito importante continuar o legado da família, porque como eu cresci dentro da casa, eu via a dificuldade que todo mundo teve para fazer a casa sempre continuar de pé para conseguir manter todo o nosso povo unido, todas as famílias que chegaram para permanecer unida — afirma a presidente da Casa dos Holandeses, Caroline Denardi Commandeur.
Legado que ficará também para os mais jovens, como destaca Marcos Antônio, presidente italiano.
— Cada ano tem que trazer gente nova, se não vai chegar um ponto que não vai ter mais ninguém pra continuar o trabalho, então quanto mais gente nova entrar a cada ano né a gente tem a certeza da continuidade do trabalho.
E assim, a colônia Ijuí, se transformou na Capital Mundial das Etnias e segue provando que é possível conviver com o diferente e fazer do respeito e da alegria, motivos para uma grande festa.