Vocalista e fundador da banda de rock gaúcha Acústicos & Valvulados, Rafael Malenotti se apresentará em Passo Fundo na sexta-feira (9) com o show A Tremenda Noite do Rei.
A apresentação acontece na praça de eventos do Passo Fundo Shopping, às 19h, com canções dos dois maiores ídolos do cantor gaúcho: Erasmo Carlos e Roberto Carlos, ambos nascidos em 1941.
Em entrevista a GZH Passo Fundo, Malenotti conta que aprendeu a tocar violão com as músicas dos artistas e se emocionou durante todo o show que assistiu no cruzeiro de Roberto, em 2001.
O artista de Acústicos e Valvulados também lembrou da trajetória da banda, que completou 33 anos em 2024, e de seus novos projetos — como o show A Tremenda Noite do Rei. Confira a entrevista exclusiva na íntegra a seguir.
GZH: como surgiu a ideia para criar o show "A Tremenda Noite do Rei"?
Rafael Malenotti: basicamente esse projeto me acompanha a vida toda. Eu aprendi a tocar violão tirando as músicas do Roberto e do Erasmo. Eles são referência para mim desde que eu era criança. Eu sou um dos tantos brasileiros que a família comprava o disco do ano do Roberto e a gente assistia religiosamente os especiais do fim de ano. A obra deles sempre foi muito importante para mim.
Mas esse projeto que eu tenho de executar as músicas iniciei lá pelos anos 2000. Comecei com um show de voz e violão para homenagear o Roberto. Por muito tempo apresentei o som como A Noite do Rei, mas aí parei e pensei que eu estava cometendo uma grande injustiça com o parceiro do Roberto. Então agreguei o "Tremenda" no nome e adicionei as música do Erasmo Carlos no setlist também.
GZH: como foi quando você conheceu eles pessoalmente?
RM: eu chorei o tempo todo. Eu realmente não conseguia acreditar que depois de tantos anos reverenciando a obra deles e eles sendo uma influência tão forte para mim tinha chegado o momento de conhecê-los. Eu nunca falei com os dois juntos, só separados.
Conheci o Roberto pela primeira vez em 2001, na gravação do acústico dele para a MTV. A gente estava gravando o disco do Acústicos & Valvulados lá em Belo Horizonte, no estúdio do Skank. Lá eu fiquei sabendo que ia ter um especial do Roberto Carlos e que o Samuel Rosa ia se apresentar. Eu quase tive um surto porque eu não sabia. Encontrei ele depois do show, que eu chorei o tempo todo, e ele me falou "Ô bicho, eu vi que você estava bem emocionado" e eu falei "ah, só um pouquinho né" (risos).
A segunda vez que encontrei ele foi no cruzeiro dele mesmo. Eu cantei com a banda com a autorização da produção. Ele me chamou no camarim para me falar a célebre frase que me acompanha até hoje e que eu tenho tatuado no braço "Você mandou bem, hein, bicho".
E o Erasmo eu tive a oportunidade de entrevistar ele para o Jornal do Almoço em Porto Alegre em 2009 no lançamento do livro dele, Minha Fama de Mau. Depois encontrei outras vezes também, mas essa foi a primeira vez que falei com ele.
GZH: o Acústicos & Valvulados já gravou alguma música do Roberto e do Erasmo?
RM: nós começamos a carreira cantando e tocando só em inglês. Quando surgiu a oportunidade de a gente gravar a primeira música na língua portuguesa, através de um convite da MTV, no fim das contas, com todas as pesquisas que se fez de músicas que a gente poderia tentar cantar, a música escolhida foi o Minha Fama de Mau do Roberto e do Erasmo. E eu nem sugeri!
A gente gravou aquela música e realmente foi um divisor de águas na nossa história. De lá para cá, acho que os deuses do rock resolveram abençoar o meu caminho a ponto de fazer com que eu pudesse realizar esse projeto, A Tremenda Noite do Rei, e que vai ser apresentado na sexta-feira no Passo Fundo Shopping.
GZH: você já esteve em Passo Fundo em outras oportunidades e agora está voltando para apresentar o seu show. Quais lembranças você tem da cidade?
RM: Passo Fundo tem uma importância gigantesca na história do Acústicos & Valvulados. Na época em que a gente estava conseguindo sair do circuito de Porto Alegre, Passo Fundo foi uma das primeiras cidades a abrir as portas para nós.
Eu lembro que em um dos shows que apresentamos o produtor falou assim: "eu queria saber se vocês deixariam o meu irmão cantar com vocês porque ele é muito fã da banda e ele tem uma banda também". Falamos que sim, obviamente. Ele queria que a gente tocasse um Rolling Stones para ele cantar e armamos para ele subir no palco. Aí o menino subiu no palco e depois de alguns anos descobrimos que aquele guri era o Beto Bruno, da Cachorro Grande.
Passo Fundo tem uma legião de roqueiros, que é o público que admira o rock mesmo, incrível. É uma das cidades com o cenário mais forte de bandas. Tanto que nos revelou e o próprio Cachorro Grande também, além de uma série de outras bandas que fazem parte da história do município e que faz com que o nosso cenário tenha tido grandes referências.
GZH: a Acústicos & Valvulados tem muita história envolvida. Quando você começou com a banda, há tantos anos atrás, você imaginava em trabalhar com projetos como "A Tremenda Noite do Rei"?
RM: eu acho que, quando a gente começou a banda, não tínhamos nem a capacidade de pensar porque a gente agia a tudo de forma orgânica, sem pretensão mesmo. Não começamos a tocar com o intuito de nos profissionalizar e de fazer com que isso fizesse parte da nossa vida. O intuito do Acústicos & Valvulados era só quatro guris que queriam se divertir e colocar em prática a paixão que tinham pela música que gostavam de ouvir.
Quando a gente viu que os anos foram se passando e que aquilo que era uma brincadeira começou a ter contornos mais sérios e mais profissionais, aí sim a gente foi investindo aos poucos, em cada situação que vinha acontecendo, ano após ano. Chegou uma hora que não tinha mais volta. A partir daí tudo indicava que a gente poderia seguir em frente e tentar voos mais altos.
E esse voo continua planando, firme e forte por 33 anos.
"Tremenda Noite do Rei" em Passo Fundo
- Quando: sexta-feira, 9 de agosto
- Onde: praça de eventos do Passo Fundo Shopping
- Horário: a partir das 19h
- Entrada: gratuita