Reeleito neste domingo (6) com 42,66% dos votos, Pedro Almeida (PSD) tem uma lista de desafios pela frente nos próximos quatro anos.
Polo de serviços, Passo Fundo não tem só os seus moradores circulando pela cidade diariamente. Nas ruas estão pessoas de toda a região que vêm a trabalho, para tratar da saúde, estudar ou comprar.
O movimento natural de atração abre espaço para o crescimento — algo comum às cidades médias, que surgem como alternativa às grandes capitais em meio à escalada da violência e competitividade. Mas índices aparentemente otimistas também trazem desafios aos gestores públicos.
Com mais pessoas nas ruas, há dificuldade na mobilidade urbana, mais poluição e a necessidade cada vez maior de infraestrutura para receber quem vem de fora em uma cidade que não foi planejada para isso.
Para essa coluna, contei com o apoio de duas economistas e pesquisadoras que vivem e estudam Passo Fundo há anos: Cleide Moretto, da Universidade de Passo Fundo (UPF), e Giana Mores, da Atitus Educação.
A seguir, elenco cinco desafios que devem ser enfrentados por Pedro Almeida de 2025 a 2028.
Mudanças climáticas
Apesar de Passo Fundo não ter sofrido as mesmas consequências da Serra ou do Vale do Taquari, é perceptível como cresce o debate sobre planejamento urbano, saneamento básico, fluxos de água e manejo de resíduos no município.
O desafio do prefeito é agir para que a cidade se adapte aos efeitos das mudanças climáticas e se torne efetivo em responder aos desastres, seja na cidade ou no campo.
Questão habitacional
Via de regra, o aumento populacional atrai pessoas mais qualificadas, mas tende a empurrar quem não tem formação ou parou no ensino básico para fora do mercado de trabalho.
Dessa forma, mais pessoas vão para a periferia e ocupações, o que pressiona os serviços essenciais, como educação e saúde.
— De um lado, Passo Fundo cresce e atrai capital, mas por outro vai necessitar de uma infraestrutura ampliada para dar conta de todos que estão nesse território — disse Moretto.
População mais jovem
A população de Passo Fundo ainda é jovem na comparação com outras cidades gaúchas. Conforme o IBGE, o índice de envelhecimento do município é de 63,97 — ou seja, a quantidade de pessoas com 65 anos ou mais em relação a cada 100 crianças de 0 a 14 anos.
O índice é maior que a média nacional (55,24), mas fica bem abaixo à do Rio Grande do Sul, de 80,35. Apesar da população idosa ter crescido mais de 40% de 2010 a 2022, hoje Passo Fundo tem 35,3 mil pessoas na terceira idade — o que representa 17% da população.
Com mais crianças e adolescentes que idosos, o desafio é garantir a qualidade na educação infantil e fundamental, que são de responsabilidade do município, para que dali saiam adultos produtivos.
Mobilidade urbana
Como permitir que a cidade continue crescendo nas mesmas ruas e avenidas que existem há décadas? O mesmo vale para as rodovias que transpassam a cidade.
Ainda que o prefeito não seja necessariamente a figura que construirá novos acessos — isso fica com os governos do Estado e federal —, ele pode (e deve) usar sua força política para reivindicar melhorias nos modais viários.
— O agronegócio, sendo uma das maiores forças econômicas da região, depende de uma logística eficiente para o escoamento da produção, como soja e milho. Melhorar a malha rodoviária é essencial para reduzir custos. Investimentos em infraestrutura podem aumentar a competitividade da região e gerar impactos econômicos positivos — disse a economista Giana.
Atração da indústria
Para atrair segmentos industriais, é preciso mostrar a vantagem que as empresas têm por estarem próximas umas às outras. As economistas concordam que um dos principais desafios do novo prefeito será atrair essas companhias da cidade — e fazê-las permanecer.
— O desafio é fomentar políticas públicas de ampliação e manutenção desses novos empreendimentos — disse Moretto.
Em Passo Fundo, a maioria dos trabalhadores atuam no setor de serviços (45,5%) e comércio (29,1%), enquanto 19,9% estão na indústria.
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