Cuias com resina e madeira colorida, bombas com pedras preciosas, personagens de biscuit e até enfeites com Led: essa é a tendência atual do mercado do chimarrão que tem ganhado cada vez mais adeptos Brasil afora.
De cuias personalizadas em tons vibrantes a mateiras de couro que mais parecem bolsas de grife, os acessórios que acompanham o mate são oferecidos para os mais variados gostos e bolsos — as opções vão de R$ 1 a R$ 4 mil, dependendo do material.
Em Passo Fundo, a loja Frescurinhas do Mate se dedica exclusivamente aos acessórios de chimarrão. O negócio fica no bairro São Luiz Gonzaga e vende para todo o país, em especial para Santa Catarina e Mato Grosso.
A loja abriu em 2018 e cresceu na pandemia. Hoje a empresária Liege Bomsanti, 33 anos, tem duas funcionárias e vende, em média, 40 cuias por mês e uma quantidade incontável de enfeites. A maioria das vendas acontece através da internet.
Segundo ela, há uma alta procura por enfeites personalizados, em especial por empresas que usam o chimarrão para promover suas marcas.
— A gente costuma chamar de "mate afrescalhado" porque é cheio de frescura (risos). Muita gente diz que é "chimarrão Nutella", mas isso ajuda muitas pessoas. A gente sabe como o chimarrão é terapêutico e decorar o mate também é uma terapia — disse Liege.
De Passo Fundo, a Béllver Store é outro exemplo de quem tem o chimarrão e seus acessórios como carro-chefe. A empresária Beatriz Zanotelli vende cuias diferentonas, mateiras de couro e até com aplicação de cristais que podem chegar a R$ 4 mil.
— Tem muita procura. Já tive clientes que nem tomavam chimarrão e começaram a tomar por causa do produto. Acabou se tornando um artigo de luxo — conta Beatriz.
As mateiras são produzidas pela própria loja a partir do design de bolsas de luxo. Com ajuda de uma arte finalista, ela adapta o acessório para carregar a térmica, cuia e pote de erva.
Todas as peças são fabricadas com couro legítimo e as mais caras são as que têm couro de animais exóticos, como cobra píton e peixe pirarucu.
Também chama a atenção o preço das bombas: uma de ouro, prata e 21 pedras quartzo rosa sai por R$ 3 mil. No entanto, o carro-chefe da vez são as cuias com base e bocal de resina acopladas à estrutura de porongo. Hoje a maioria das vendas é para o Paraná e Mato Grosso.
Internet impulsiona negócios
O negócio é tão rentável que tem até influenciador. O jornalista Matheus Basso, de Guaporé, começou a mostrar suas cuias decoradas no Instagram e não demorou a receber convites para parcerias.
A conta que começou no TikTok há dois meses, onde mostra a montagem de mates decorados e dar dicas de chimarrão, acumula mais de 250 mil visualizações e 2,3 mil seguidores.
— Antes da pandemia eu não sabia fazer chimarrão. Como estávamos todos em casa, decidi me desafiar e aprendi com um vídeo no YouTube. A partir daí virou um vício — contou à coluna.
Hoje ele coleciona acessórios para o mate: tem 27 cuias, mais de 20 bombas e uma coleção com mais de 200 enfeites — a maioria comprados por ele, mas muitos que vêm das três lojas parceiras especializadas na decoração de chimarrão.
Um exemplo é a artesã Madalena Santos Passos, 46 anos, que complementa a renda ao fabricar enfeites para cuia com porcelana fria e biscuit. Os kits saem por R$ 18 a R$ 20, dependendo da complexidade.
— As pessoas dizem que viram o enfeite na cuia de um amigo e procuram a gente para fazer o deles. A maioria quer oferecer uma cuia decorada, bonita, para receber as pessoas e postar nas redes sociais — relata.
Por que isso importa
Com um público quase que 100% feminino, o mercado de acessórios para chimarrão ganha espaço entre os itens tradicionalistas e deve ter ainda mais destaque durante os Festejos Farroupilhas, neste mês de setembro, como preveem os empresários.
Apesar de dividir opiniões dos gaúchos que preferem o mate sem adereços, essa é uma forma de complementar a renda ou construir novos negócios em lugares onde o chimarrão é cultural e consumido diariamente — além do potencial para expandir a tradição para fora do Rio Grande do Sul.
Para comentários, dúvidas e sugestões de pauta entre em contato através do e-mail julia.possa@gruporbs.com.br.