Por Carolina Leães Rech, chefe do Serviço de Endocrinologia da Santa Casa de Porto Alegre, professora da UFCSPA e diretora da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia - Regional RS
O Dia Mundial do Diabetes, celebrado em 14 de novembro, é uma oportunidade para refletirmos sobre o impacto dessa doença silenciosa e suas consequências para mais de 540 milhões de pessoas que convivem com ela no mundo, segundo dados da International Diabetes Federation (IDF). E, pasmem, outros 240 milhões de pessoas vivem com Diabetes sem sequer saber, uma vez que os sintomas são imperceptíveis nas fases iniciais. Por isso, recomenda-se o rastreio universal com exames de sangue (glicemia de jejum e hemoglobina glicada) a partir dos 35 anos de idade ou antes, em pessoas com fatores de risco como histórico familiar de diabetes, excesso de peso, pressão ou colesterol altos.
O estresse e a ansiedade permeiam a rotina de muitos (pacientes), associados ao monitoramento constante dos níveis de glicose, ao ajuste alimentar, ao planejamento da rotina e ao estigma e discriminação sociais
Neste ano, a campanha da Sociedade Brasileira de Diabetes e do IDF traz como tema "Diabetes e Bem-Estar", ressaltando a complexidade do manejo da doença e o impacto emocional para o paciente. O estresse e a ansiedade permeiam a rotina de muitos, associados ao monitoramento constante dos níveis de glicose, ao ajuste alimentar, ao planejamento da rotina e ao estigma e discriminação sociais. E esse estresse contínuo pode levar à exaustão e até à negligência do próprio tratamento, uma vez que o paciente se sente isolado e desmotivado. Um exemplo recente evidenciou esse desafio quando, durante o Enem, um estudante com diabetes foi retirado da sala de prova após seu sensor de monitoramento contínuo de glicose disparar um alarme. Este incidente reflete as dificuldades que pessoas com diabetes enfrentam para equilibrar suas condições de saúde com as exigências do cotidiano.
Por isso, a importância de ações integradas com o compromisso coletivo de educação sobre a doença, construindo uma rede de apoio efetiva que promova a conscientização, o diagnóstico precoce e o acesso ao tratamento adequado. Etapas essenciais para delinear um futuro com melhor qualidade de vida, bem estar e dignidade para mais de 20 milhões de brasileiros.