Por Leomyr Girondi, diretor-presidente da CRVR
A quantidade de lixo gerado pela enchente trouxe para as eleições municipais um tema frequentemente negligenciado: a gestão de resíduos. Enquanto as autoridades se esforçam para lidar com essa consequência das cheias, fica evidente o quanto ainda precisamos avançar para lidar com situações futuras.
A tragédia que enfrentamos mostra que essa deve ser uma das prioridades dos candidatos. Junto com os projetos de prevenção às mudanças climáticas que estão surgindo, temos também que evoluir em modelos que garantam novos investimentos no tratamento e beneficiamento de resíduos.
A gestão de resíduos é uma responsabilidade de todos, mas cabe ao poder público criar condições para operações mais eficientes
Muitos municípios brasileiros já estão adotando o modelo de concessões na área — assim como já ocorre em outros segmentos. Isso tem permitido a contratação de melhores serviços e alívio aos cofres públicos, além de mais previsibilidade para os operadores do setor para obter créditos para novos projetos.
Os aterros sanitários de ponta hoje são muito mais do que locais de disposição de resíduos; são soluções ambientais que incluem o tratamento de efluentes, captura de gases, produção de energia renovável e outras atividades de interesse público. E isso exige muito investimento.
Este é um momento em que as empresas do setor precisam investir ainda mais em tecnologia. Ao mesmo tempo, os municípios têm de estar abertos a novas modelagens de contratação, tanto técnicas quanto financeiras. E os órgãos fiscalizadores devem reconhecer que soluções intermediárias ou paliativas não têm mais espaço. Só uma combinação como essa é capaz de promover mudanças perceptíveis.
O desafio precisa ser enfrentado. A gestão de resíduos é uma responsabilidade de todos, mas cabe ao poder público criar condições para operações mais eficientes. Dentro de uma visão de economia circular, o lixo não pode mais ser encarado como um problema, mas sim como um recurso a ser valorizado, em benefício da sociedade.
Adotar modelos mais sustentáveis, do ponto de vista ambiental e econômico, é firmar um compromisso com o futuro dos municípios e de suas populações.