Chegou a hora de a sociedade gaúcha, em sua totalidade, perceber que o Rio Grande do Sul está diante de uma encruzilhada. É o futuro que está em jogo. Um dos caminhos passa por vencer o imobilismo para encarar gargalos crônicos e compreender a dimensão dos desafios postos pela demografia e pela instabilidade do clima. Por esta trilha, é possível endereçar medidas que levem à retomada sustentada do progresso, recolocando o Estado em uma posição nacional de protagonismo. A outra alternativa é a via da omissão. Essa condena à estagnação socioeconômica e à perda de relevância na comparação com outras unidades da federação.
Se resultados aparecerem até o fim de 2026, plano haverá de continuar a ser seguido nos próximos governos
Consciente do caráter decisivo do momento, o Palácio Piratini apresentou ontem o Plano de Desenvolvimento Econômico, Inclusivo e Sustentável. A iniciativa tem como meta, em um cenário otimista, multiplicar por três a taxa média de crescimento do PIB até 2030. Sabe-se que, ao longo das últimas décadas, nunca faltaram alertas e diagnósticos sobre os problemas do Rio Grande do Sul. Compreende-se também certo ceticismo com iniciativas governamentais voltadas a potencializar o crescimento pelo histórico de resultados abaixo do prometido. A questão é que, se verdadeiramente a opção for pelo caminho de enfrentar os obstáculos estruturais, a hora é agora. O custo da procrastinação será muito maior.
É improtelável dar início a ações para evitar que o envelhecimento da população e a queda do número de habitantes, prevista pelo IBGE para iniciar em 2027 no Rio Grande do Sul, façam a economia perder dinamismo. Apostas na educação, no aumento da produtividade, na retenção e na atração de capital humano são providências urgentes. Outro aspecto crucial é fazer com que o Estado deixe de ter tanta variação brusca do PIB em função do clima, como mostram os impactos das seguidas estiagens que arrasam as lavouras. É preciso combatê-las, mas também tornar a matriz econômica mais diversificada, sintonizada com a transição energética e tecnologicamente mais complexa.
Os passos do plano, elaborado a partir de um estudo da consultoria McKinsey, mas também com a colaboração de especialistas locais, lideranças e entidades empresariais, estão explicados na página 7 da edição de hoje de Zero Hora. Ele pressupõe o incentivo a 12 grupos de segmentos com potencial de alavancar a economia gaúcha, sustentado por pilares como capital humano, ambiente de negócios, inovação, infraestrutura e recursos naturais. Associado a essa iniciativa está o lançamento da Invest RS, agência que terá a missão de captar investimentos e promover o Rio Grande do Sul.
Não será um plano enviado à Assembleia para ter a força de lei e tornar-se política de Estado. Mas foi construído a partir de bases consistentes e tem lógica. Merece ser apoiado, por seus méritos e pelo fato de o Rio Grande do Sul estar em uma corrida contra o tempo na preparação para os desafios das décadas seguintes. Se seus primeiros movimentos forem promissores e resultados aparecerem até o fim de 2026, haverá de continuar a ser seguido nos próximos governos. Está em questão qual Estado será legado para as gerações vindouras.