Por Eliandro Sehn, proprietário do Mundo Real Atacado
Diante de tantas vidas perdidas e estragos incalculáveis, mesmo após meses da tragédia, ainda parece errado tocarmos a vida com naturalidade. Mas é justamente o contrário. Os negócios gaúchos que não foram afetados pelas enchentes têm o dever de utilizar todas as suas forças na reconstrução do Rio Grande do Sul. É na manutenção de empregos, nos negócios com fornecedores locais, na oferta de produtos com preço justo e qualidade que nos encaixamos na luta diária pela retomada da economia do estado.
Dentro das nossas possibilidades, fizemos o possível para contribuir com as ajudas humanitárias, uma corrente do bem necessária e muito bem estruturada que ajudou a salvar muitas vidas
No recorte do varejo, de acordo com a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), 300 supermercados, de um total de 6,5 mil, foram atingidos por inundações. Sessenta tiveram perda total. Apesar de todos os problemas, o setor não registrou escassez de produtos. Os breves desabastecimentos que ocorreram foram por questões logísticas, pontualmente resolvidas com celeridade.
Os municípios de Sapiranga e Portão, onde encontram-se nossos estabelecimentos, registraram poucos estragos, em comparação às demais localidades gaúchas. Dentro das nossas possibilidades, fizemos o possível para contribuir com as ajudas humanitárias, uma corrente do bem necessária e muito bem estruturada que ajudou a salvar muitas vidas. Enquanto muitos estavam sem poder voltar aos seus locais de trabalho, nossos colaboradores tinham a segurança de um emprego e do sustento dos seus familiares.
Em um cenário de destruição, abrir as portas dos nossos supermercados, em um primeiro momento, parecia errado, imoral ou impróprio. Tão logo iniciamos nossas campanhas de apoio, além de recebermos diversos clientes em busca de suprimentos para doação, percebemos a necessidade de sermos um ponto de equilíbrio diante do caos, para além do emocional, uma base econômica forte para o resto do estado.
De forma alguma queremos colocar os interesses econômicos acima dos humanitários, mas precisamos compreender que, no momento, ainda são temas relacionados. Permanecer forte e com as portas abertas é um ato de resistência e solidariedade. Que as nossas façanhas sirvam, para além de modelo, de apoio aos demais negócios gaúchos.