Por José Antônio Coitinho, juiz da 2ª Vara de Fazenda Pública
Se é fato que as mulheres ainda encontram dificuldades em ocupar espaços de destaque na sociedade e junto aos Poderes, podemos assegurar que isto está mudando. Temos aprovado mais mulheres no Judiciário Gaúcho e elas ocupam os primeiros lugares nos concursos. Foi longa a jornada até que uma mulher, a desembargadora Irís Nogueira, assumisse a Presidência do Tribunal de Justiça. De acordo com o Relatório Justiça em Números, do Conselho Nacional de Justiça, sob sua administração nosso Judiciário foi considerado o mais produtivo do Brasil.
Como juiz há 27 anos, acompanho as vitórias da mulher gaúcha, que com força, coragem e capacidade, enfrenta grandes desafios
Passaram-se 99 anos desde 1874 — criação do Judiciário/RS — para que uma mulher fosse aprovada em concurso de juiz em 1973. Apesar disto, hoje, vemos grandes mulheres sendo protagonistas em diversas atividades de poder.
Como juiz há 27 anos, acompanho as vitórias da mulher gaúcha, que com força, coragem e capacidade, enfrenta grandes desafios. A admiração pelo seu trabalho fez com que minha equipe de assessoras fosse composta exclusivamente por mulheres, sendo este grupo responsável pela maior produção de decisões de que já se teve notícia no País.
Em janeiro de 2021, momento mais crítico da pandemia de covid-19, entre os dias 18 e 31, nossa equipe lançou 34.381sentenças, sendo 12.387 em um único dia. Com bravura e desprendimento, julgamos processos em velocidade jamais vista no Brasil. Em 2015, fomos homenageados pela Ministra Corregedora-Geral do CNJ Nancy Andrighi, por termos sentenciado 5.453 processos e lançado 17.236 decisões, em 68 dias. Agora, em 2024, estas heroínas desenvolveram projeto buscando amparar servidoras públicas, mulheres em situação de vulnerabilidade financeira e laboral. Em tempo recorde, com rito inovador e apoio do Ministério Público, por meio da realização de audiências de saneamento, sentenciamos processos movidos por merendeiras em 68 dias desde o ajuizamento da ação.
Com isto, me reservo o direito de afirmar que o papel da mulher no Judiciário mais produtivo do Brasil, é ser mulher!