Por Celso Bernardi, professor, advogado e político
As eleições municipais em 6 de outubro são as mais importantes. As pessoas moram no município, e a política e o fazer serão sempre locais.
Os gaúchos terão a segunda eleição municipal num cenário de tristeza pelas perdas humanas e de preocupação com os prejuízos econômicos e sociais.
Em 2020, a covid-19 colocou a nu as fragilidades sanitárias do mundo, ceifando milhões de vidas. Aqui, lamenta-se a morte de milhares de brasileiros. Mesmo nesse cenário de dor, angústias e incertezas, as eleições foram realizadas nos 5.570 municípios.
Que na eleição reine o melhor da tragédia: a união e a solidariedade das pessoas, a coragem dos heróis voluntários, a fé e a esperança das famílias
Sem superar ainda as sequelas da pandemia, o Rio Grande do Sul enfrenta a maior e a mais destruidora tragédia climática de todos os tempos. Menos mortes do que com a covid-19, mas essas, como aquelas, irrecuperáveis e incalculáveis. As perdas materiais são infinitamente superiores. Na pandemia da covid-19, as pessoas ficaram em casa. Agora, milhares perderam suas casas. Cidades foram devastadas, com consequências dramáticas e colossais em todas as áreas.
São prejuízos de bilhões e bilhões que vão frear por anos e anos os avanços da economia e dos benefícios sociais. Neste momento crucial, a eleição será diferente, porque a arte de viver não será a mesma.
Que na eleição reine o melhor da tragédia: a união e a solidariedade das pessoas, a coragem dos heróis voluntários, a fé e a esperança das famílias. A eleição será palco para o debate de ideias e propostas, com foco no cuidar das pessoas. Crescerá o interesse na agenda de urgências climáticas.
A reconstrução requer diálogo, convivência respeitosa entre os diferentes, cooperação e sem radicalismo. A indignação é necessária, mas insuficiente para resolver os problemas.
A responsabilidade é de todos e, por isso, é inaceitável o uso vil da tragédia e da política miúda.
Aceitar a eleição em plena tragédia é uma oportunidade para a semeadura da esperança, mola propulsora para a reconstrução das pessoas e dos municípios.