Por Paola Coser Magnani, presidente do Instituto de Estudos Empresariais (IEE)
Nicolás Maduro venceu as eleições de 28 de junho com 51,2% dos votos, reelegendo-se presidente da Venezuela. Isso só é verdade na cabeça de quem apoia a ditadura de extrema esquerda do chavismo. O que ocorreu foi uma fraude, um teatro muito bem ensaiado com o roteiro pré-definido.
A fantasia fica mais evidente quando se listam os países que felicitaram o ditador
A fantasia fica mais evidente quando se listam os países que reconheceram e felicitaram o ditador por mais um golpe contra a democracia: Coreia do Norte, China, Rússia, Bielorrússia, Cuba, Nicarágua, Síria e Irã. Que coincidência, todos são autocracias. Na via contrária, os maiores exemplos de democracia no mundo, como Noruega, Nova Zelândia, Islândia, Suécia, Dinamarca, Alemanha, Reino Unido, Canadá, Japão e Estados Unidos.
Há inúmeras amostras de cerceamento às liberdades na Venezuela escancarando a ditadura. Maduro barrou o X, antigo Twitter, por 10 dias, acusando o dono da rede social, Elon Musk, de incitação ao ódio. O chavista fez campanha em rede nacional encorajando a população a desinstalar o WhatsApp e espalhou seu discurso de ódio por TikTok e Instagram. Por que Maduro tem medo da liberdade de expressão? Porque um povo informado não serviria de cobaia para seu golpe.
Além de tudo, o regime é violento. Há registro de mortes nos protestos contra a fraude eleitoral. Adversários são presos, como a ativista política María Oropeza, que na noite de 7 de agosto foi levada de sua própria casa pelas forças policiais. Até segunda-feira, não havia notícias do paradeiro da ativista, cujo histórico de defesa da liberdade vem desde seus 16 anos. Uma certeza há: a Venezuela não é uma democracia.
Mas e o Brasil, que ouviu o discurso da democracia e do amor durante a eleição de 2022, como se posiciona? Sabemos muito bem da proximidade de Lula com Maduro. Em 2013 Lula foi a Caracas pedir votos para Maduro aos venezuelanos, afirmando que seria o candidato ideal para dar prosseguimento ao sonho de Hugo Chávez. Para o presidente brasileiro, a democracia vale somente quando convém. Não era amor, era só narrativa.