O Rio Grande do Sul passa pelo pior desastre de sua história, como bem definiu o governador Eduardo Leite e como puderam constatar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua comitiva de ministros na rápida visita ao Estado. Neste contexto de sofrimento, foi alentadora a presença do primeiro escalão do governo federal em Santa Maria, ontem, quando ficou definido um plano de ação integrado entre a União, o Estado e os municípios para socorrer os desabrigados e reconstruir a infraestrutura destruída. Em manifestação pública compartilhada por seus assessores diretos, o presidente da República garantiu que não faltarão recursos para ajudar o Rio Grande.
E precisamos muito desta ajuda. O verdadeiro dilúvio que atinge a região deixa, além de irreparáveis perdas humanas, um cenário de destruição nas cidades alagadas e na infraestrutura de serviços públicos, incluindo hospitais, escolas, estradas, transporte, água, energia elétrica e habitação. Resgates dramáticos registrados diariamente pelas forças de segurança e por populares, especialmente de pessoas retiradas dos telhados de suas casas por helicópteros e barcos, dão uma ideia da dimensão da catástrofe. Apesar da grande mobilização de soldados, bombeiros, integrantes da Defesa Civil e voluntários, muitos deles protagonizando heroicas ações de salvamento, as operações de resgate ainda se mostram insuficientes para a necessidade e a urgência. Por isso, a atenção para com a vida humana, neste momento crucial, deve ser a prioridade de todos, do poder público e dos cidadãos.
Apesar da grande mobilização de soldados, bombeiros, integrantes da Defesa Civil e voluntários, muitos deles protagonizando heroicas ações de salvamento, as operações de resgate ainda se mostram insuficientes para a necessidade e a urgência
Cabe aos governantes e às autoridades justificar a representação que receberam da população, cumprindo o que prometeram nas suas posses e os compromissos agora renovados. Nesse sentido, é impositivo reconhecer que tanto o governo do Estado quanto os prefeitos dos municípios atingidos e suas respectivas administrações vêm se esforçando para cumprir suas atribuições. Mas o trabalho dos agentes públicos precisa realmente ser organizado, para que ações dispersas não o tornem improdutivo. Por isso, é bem-vinda a proposta do governo federal de manter no Estado uma espécie de sala da situação, em conjunto com as autoridades locais, para que o trabalho seja coordenado e eficiente. O trabalho dos agentes públicos não se restringe a resgatar pessoas e acomodá-las em local seguro. Inclui, também, os cuidados médicos e sanitários, a alimentação e a distribuição racional das doações que chegam aos postos de coleta.
Porém, ninguém precisa ter credencial de autoridade para colaborar numa situação de crise. Cada cidadão pode fazer a sua parte. Mesmo que a pessoa não tenha meios para participar diretamente do mutirão de salvamento, ela já estará ajudando se evitar deslocamentos desnecessários e tratar da própria proteção. Este posicionamento será ainda mais efetivo se as pessoas mantiverem a calma e a sensatez, evitando corridas aos postos de combustíveis e aos supermercados, que só servem para gerar pânico e para agravar eventuais dificuldades de abastecimento.