Por Michel Gralha, advogado
As nações poderiam ser pensadas como empresas. Imaginem um país como uma grande fornecedora de serviços e seus cidadãos como os clientes. Faça um exercício mental, esqueça a questão atual, abstraia, pense que agora temos um ente totalmente privado nos atendendo.
Essa imaginária corporação é o Brasil, e você é dono deste negócio que drena toda a nossa geração de recursos
Nosso papel seria pagar e cobrar por qualidade, afinal estamos realmente transferindo riqueza para um ente que tem a obrigação da excelência. Somado a isso, por um milagre, essa “suposta” companhia resolve abrir o capital e convida todos para ingressarmos como sócios, contribuindo com ainda mais recursos.
O povo, confiante no trabalho desses empresários, deposita todas as suas reservas nessa sociedade, com a certeza de que uma operação monopolista não teria erro. É ganho na certa! Aí vem a realidade.
Os executivos dessa organização não são bem escolhidos, na verdade são amigos de amigos que precisam de alguma fonte de renda. Os prazos e a qualidade jamais são atendidos. Os orçamentos, aprovados por todos, são desrespeitados e revistos à medida da necessidade de caixa. Falta recurso a todo momento e os acionistas são chamados a colocar mais capital. Os lucros não existem e, na última reunião de sócios, o presidente desse nosso negócio avisa que não teremos resultados positivos, pelo contrário, teremos prejuízo pelos próximos quatro anos. Como proprietários, ficamos apavorados. Mas e o monopólio? E a certeza de ganhos? Como sairemos desta?! Enfim, uma coisa é certa: você não sairá – e isso é uma triste notícia.
Essa imaginária corporação é o Brasil, e você é dono desse negócio que drena toda a nossa geração de recursos. As atuais péssimas notícias sobre superávit e PIB são vergonhosas. Estão ficando escassas quaisquer possibilidades de alento. O país foi entregue nas mãos de quem encontra muita dificuldade de governar e de fazer conta. Foram abertas as torneiras com o dinheiro do trabalhador. Há uma tentativa de perpetuidade no poder e todos estamos abraçados, sócios de uma empresa falida, da qual não conseguiremos sair. Próxima janela é 2026 – ou, então, mais infortúnios para todos nós.